quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Reparação histórica >> Comissão da Verdade reconhece vítimas da ditadura na UFRN


 Três integrantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) são reconhecidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) como vítimas fatais da Ditadura Militar: Luiz Ignácio Maranhão Filho, Emmanuel Bezerra dos Santos e José Silton Pinheiro.

A CNV atribui ao Estado brasileiro e, particularmente, alguns agentes públicos, a responsabilidade pela morte dos três potiguares citados, inicialmente, no Relatório Final da Comissão da Verdade da UFRN, entregue no último dia 8 à gestão universitária.

O documento local indica os referidos nomes para o Memorial às Vítimas da Repressão e o Relatório Nacional recomenda para os três casos a alteração e/ou retificação dos atestados de óbito.

Histórico
Natalense, nascido em 25 de janeiro de 1921, Luiz Ignácio Maranhão Filho foi professor do Atheneu, da Fundação José Augusto e da UFRN. Jornalista, conferencista, parlamentar e escritor, era irmão do prefeito falecido, Djalma Maranhão. Em decorrência de sua posição filosófica e ação política foi inúmeras vezes perseguido, preso e torturado pelo DOI-CODI e em estabelecimentos militares do I e II Exército do Rio de Janeiro e São Paulo. 

Desapareceu desde 1974 e seu corpo pode ter sido atirado no Rio Novo ou na Represa de Jurumirim, interior de São Paulo. Há outro indício de que o corpo de Luiz Maranhão teria sido levado pelo ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, Cláudio Guerra, para a “Casa da Morte”, em Petrópolis-RJ, para a Usina Cambahyba para ser incinerado. Essas versões não foram confirmadas.

Natural de São Bento do Norte, Emmanuel Bezerra dos Santos era de origem humilde. Ingressou na Faculdade de Sociologia em 1967, militando no Diretório Acadêmico “Josué de Castro”. Presidiu a Casa do Estudante de Natal e foi diretor do DCE/UFRN. 

Com a edição do AI-5 foi preso e condenado. Morreu no dia 4 de setembro de 1973, aos 26 anos, após ser torturado barbaramente, com mutilação de vários órgãos, nas dependências do DOI-CODI de São Paulo. Enterrado como indigente naquele estado, seus restos foram posteriormente exumados e trazidos para Natal.

Nascido em São José de Mipibu, José Silton Pinheiro ingressou na UFRN em 1970, na Faculdade de Pedagogia. Morreu aos 23 anos, no dia 29 de dezembro de 1996 em ação comandada pelo DOI-CODI do I Exército, no Rio de Janeiro, tendo o corpo carbonizado dentro de um veículo, sendo enterrado como indigente e constando do seu registro de óbito “Inimigo da Pátria (terrorista)”.

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