domingo, 16 de agosto de 2015

Pela democracia: um convite à reflexão >> Arcebispo de Vitória pede que fies não caiam no "golpismo"

Foto de Roberta Andrade.
Diante do momento político atual e o anúncio de várias manifestações pelo país, o arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, propõe uma reflexão sobre democracia.

Veja abaixo ou clicando aqui:
Há mais de três décadas o Brasil assumiu o Regime Democrático presidencialista. Desde então vem afirmando-se e amadurecendo no processo de vida democrática, com a participação do povo, imprensa livre, liberdade de ir e vir, guiado pela Constituição Federal.
O dinamismo democrático exige sempre avaliações, debates, correções e decisões em vista do Bem Comum de toda a Sociedade brasileira.
Vivemos, hoje, um período delicado. Eu diria que o Brasil vive uma crise de amadurecimento democrático. Este tempo, enquanto nos favorece a olhar para trás e avaliarmos quantas conquistas o país já conseguiu, faz surgir novos desafios que atingem a todos, governo e povo em geral. Apesar de grandes empresas continuarem investindo bilhões com o olhar positivo no médio e longo prazo nota-se uma grande insatisfação popular por causa de problemas de ordem econômica, política e, sobretudo ética.
Por conta disso estão programados pelas redes sociais protestos democráticos pelas ruas das cidades. Protestar democraticamente é um direito e, muitas vezes, um dever do cidadão.
Aconselho aos cidadãos católicos e aos de boa vontade que, além de manifestar a indignação com os problemas econômicos e, sobretudo, éticos, não se pode esquecer os avanços que nosso país tem feito democraticamente, como por exemplo, o desmascaramento de tanta corrupção. A corrupção é um problema que está há muitos anos na sociedade Brasileira como uma epidemia.
A transparência, prisão e condenação dos corruptos e corruptores é algo novo conquistado nestes anos do processo democrático. O exercício do direito de protesto, pois, não pode nos levar a ignorar os avanços significativos de nossa sociedade democrática brasileira e cairmos na tentação de um retrocesso de cunho golpista ou num parlamentarismo forçado quando o executivo passa ao segundo plano e os deputados elegem o Primeiro Ministro sem o voto direto do cidadão. Isto poderia levar a sociedade a atitudes radicais na luta do poder pelo poder esquecendo-se que, o que está em jogo é, e, sempre será, o Bem Comum.
Esta crise ética pode ajudar-nos no processo democrático assumindo-a como uma oportunidade de fazermos correções sem radicalismo, sem enfraquecer as Instituições que regem o país e que se manifestam sólidas. Reconhecer os erros sim. Renovar sempre! Porém, o radicalismo e o deixar-se levar por um novo tipo de massificação acrítica e emocional levará a sociedade brasileira a um retrocesso ou enfraquecimento do processo democrático.
Manifestar a sua indignação de cidadão pelas ruas da cidade com ordem e respeito pelo bem púbico e privado, livre, responsável sem se deixar transformar em massa anônima e moldada por grupos radicais, é viver o processo democrático e contribuir para um Brasil melhor. Deus abençoe o nosso povo brasileiro, especialmente os que mais sofrem nesta crise.
“Que as nossas lutas e a nossa preocupação por este ‘planeta’ não nos tirem a alegria da esperança”
Papa Francisco (Laudato Sí)

Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc
Arcebispo Metropolitano

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