sábado, 7 de novembro de 2015

Lula afirmou que o relator do projeto de Orçamento, deve propor cobrança de mais impostos para os “ricos” em vez de cortar recursos do Bolsa Família


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvia pediu nesta quinta-feira (5), ao participar de conferência sobre segurança alimentar, que os militantes “ajudem” a presidente Dilma Rousseff a enfrentar a crise e afirmou que não “admitirá impeachment”.


Em discurso acalorado na 5º Conferência Nacional de Segurança Alimentar a Nutricional, em Brasília, Lula disse que querem derrotar um projeto “de sucesso” e afirmou que está na “campanha de 2018” se os adversários apresentarem um “projeto conservador”.

“A dificuldade não é da Dilma, é nossa, é do Brasil, é do mundo. Temos que ajudar. Porque quando tudo está bem, não se precisa de ajuda. Aí ficam dizendo: 'a Dilma acabou. Agora vamos acabar com Lula'”, afirmou.

Para o ex-presidente, querem “desgastar” Dilma, para alcançar o poder sem eleições. "Na verdade, o que eles [os oposicionistas do governo Dilma Rousseff] querem derrotar é um projeto que teve sucesso neste país. Não é possível que essa gente da periferia, que essa gente só sabia bater palma pra nós há 20 anos atrás, agora esteja governando com mais sabedoria que nós.

"Então, é possível desgastar a presidenta Dilma, é possível desgastar. E vocês se lembram que eu perdi três eleições, eu perdi em 89, 94 e 98. E, todas as vezes que eu perdi, eu respeitei o resultado e fui me preparar para ganhar a primeira, depois ganhar a segunda", completou.

“Vocês sabem que na frente do Congresso tem um acampamento da turma que querem o impeachment. Temos que dizer que eles têm direito. Agora, que se eles querem ter um presidente, aprendam a exercitar a democracia e ganhem as eleições. Não vamos admitir o impeachment da presidente Dilma. Não vamos admitir. A hora não é de ficar de cabeça baixa”, declarou.
O ex-presidente também disse que quem se opõe ao governo tem direito de se manifestar, mas deve buscar mudanças por meio do voto.
Sobre a disputa pela Presidência em 2018, Lula disse que pode ser candidato. “Nem que eu tenha apenas um minuto de vida em 2018, se estiver concorrendo contra nós um projeto conservador, que tenha como objetivo acabar com as coisas que fizemos, podem estar certos que estarei na campanha”, disse, sendo ovacionado com gritos de “um, dois, três, Lula outra vez”.
Corrupção

Lula também comentou, sem citar casos específicos, as denúncias de corrupção envolvendo o PT. Nesta quarta (4) Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, prestou depoimento à Polícia Federal, em Brasília. Três empresas dele foram alvo de ações de busca e apreensão no final de outubro na Operação Zelotes, que investiga fraudes em julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda.
O ex-presidente disse que está sendo "alvo de ataques", por quem quer derrubar os "projetos" do PT. "Você sabe que os ataques que estou sofrendo não é a toa. [...] Não vou mais admitir que corrupto nos chamem de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se colocar um do lado do outro não dá 10% da minha honestidade", declarou.


Bolsa Família
Em seu discurso, o ex-presidente também afirmou que o relator do projeto de Orçamento de 2015, Ricardo Barros, deveria propor cobrança de mais impostos para os “ricos” em vez de cortar recursos do Bolsa Família para equilibrar as contas públicas. Segundo Lula, setores da política estão aproveitando o que ele chamou de “maré conservadora” para “jogar para os pobres” a solução para a crise.
“Vi uma notícia que me assustou: que o relator do Orçamento da União quer tirar dinheiro do Bolsa Família. Eu fiquei pensando o que que pensa uma pessoa que não tem noção do que significa pouco mais de R$ 100 ou R$ 150 na mão das famílias mais pobres. Fico pensando se essa pessoa não teria mais fácil, ao invés de cobrar dos pobres, propor cobrar dos ricos”, disse.
“Fico pensando se essa pessoa não deveria estar trabalhando para cobrar imposto daqueles que ganham mais. Mas não. Estão aproveitando maré conservadora para jogar em cima dos mais pobres responsabilidade de uma coisa que eles tem culpa”, completou Lula.


Para o ex-presidente, o que está em discussão não são soluções para equilibrar as contas, mas sim uma “disputa de projetos”.

“Incomoda muita gente conferências como essa. Incomoda a muita gente que nesses 12 anos de governo e projeto a gente tenha sido o governo que mais fez universidades. Incomoda que a gente comece a discutir que é preciso diminuir os agrotóxicos dos alimentos. Um governo popular e democrático não tem que ter medo de debater nenhum tema.”

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