Em 2014, foram registrados 47 mil casos de estupro nas delegacias de todo Brasil. Uma mulher é vítima de violência sexual a cada 11 minutos. E o cenário ganhou destaque na redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano, com o tema: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, propondo maior reflexão e debate o assunto.
Apesar disso, parte da mídia e alguns setores políticos mais conservadores atacaram o tema da redação, acusando-o de doutrinação ideológica - relacionando, assim, a violência sofrida pelas mulheres a teorias marxistas ou, supostamente, esquerdistas.
Na TV, representantes do mais sórdido e decadente humor da programação usaram sua audiência para debochar do tema abordado e, sobretudo, o cenário de medo e opressão vivido pela população feminina no país.
Machismo, transfobia e violência contra a mulher
No programa The Noite, apresentado por Danilo Gentili no SBT, um convidado usou quase dois minutos de sua participação para destilar o que há de pior do que, hoje chamamos, de humor brasileiro. “Eu já li que a cada 12 segundos uma mulher sofre violência no Brasil, mas estou escrevendo a redação há 30 e não vi nenhuma apanhando”.
Sobrou ainda para a comunidade trans, alvo de comparações esdruxulas ao melhor estilo “transfobia de colegial”, "Briga de travesti entra em violência contra a mulher?"
A série de piadas machistas chega ao auge da repugnância quando o suposto humorista questiona a veracidade da violência contra as mulheres, dizendo: “Também é preciso ver quem fez a pesquisa... como saber se o sangue é de violência ou ciclo menstrual? Afinal o sangue que sai de um corpo é o mesmo, não importa o buraco”. Confira o vídeo e tire sua própria conclusão sobre o que é piada.
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