"Quem carrega o piano da geração do conhecimento no Brasil são as universidades públicas. A coparticipação de autores de instituições estrangeiras tem aumentado muito nos últimos anos como resultado dos investimentos nos programas internacionais de colaboração e intercâmbio entre instituições nacionais e internacionais".
Veja toda a análise:
O gráfico abaixo mostra um levantamento que eu realizei no site Web of Science da Thomsom Reuters, Inc. Eu busquei no período de 1990 até 2015, o número de publicações anuais que incluíam como autor pelo menos uma instituição brasileira.
Em seguida, eu desmembrei o endereço das instituições dos autores de cada artigo e os categorizei em Universidades públicas (Estaduais e federais), institutos públicos de pesquisa (municipais, estaduais e federais), universidades privadas e instituições estrangeiras.
No próximo passo eu hierarquizei cada instituição de acordo com o número de publicações naquele ano. Finalmente, para objeto desta análise, eu considerei as 100 instituições que mais publicaram em cada ano.
O resultado não deixa dúvidas, quem carrega o piano da geração do conhecimento no Brasil são as universidades públicas e este protagonismo só tem aumentado nos últimos anos.
Institutos públicos de pesquisa, embora tenham número similar a quantidade de universidades federais no Brasil, têm um quadro de pessoal bem mais reduzido, o que certamente influencia os seus quantitativos.
A coparticipação de autores de instituições estrangeiras tem aumentado muito nos últimos anos como resultado dos investimentos nos programas internacionais de colaboração e intercâmbio entre instituições nacionais e internacionais.
Mas o cenário mais marcante é o desempenho da produção científica das universidades privadas em relação as universidades públicas.
Um dado não mostrado no gráfico é que 75% dos estudantes de ensino superior no Brasil estão matriculados em instituições privadas e apenas 25% em instituições públicas. Ainda assim, as universidades privadas são responsáveis por menos de 2% da produção do conhecimento nacional.
Além disso, a produção do conhecimento nas instituições privadas, é decorrente de 3 ou 4 instituições ao longo do período em que o levantamento foi realizado. A razão que torna o ensino ministrado nas universidades públicas de melhor qualidade reside no fato de que ele é indissociável da pesquisa e geração do conhecimento.
O gráfico deixa claro que as universidades privadas (em sua maioria) não têm interesse em investir em pesquisa, pois são atraídas apenas pelo capital em torno das mensalidades escolares.
Isso nos leva a crer então que não só a qualidade do ensino superior que é ministrado no Brasil como também a geração de conhecimento depende da manutenção das universidades públicas.
Privatizar nossas universidades além de uma sacanagem mal-intencionada daqueles que não se importam com a geração do conhecimento e querem lobotomizar o senso crítico e a capacidade de formação de opinião em nosso país, só vai fazer com que aquele antigo rótulo de “republiqueta de banana” volte a nos cair bem.
Por Mídia Ninja RN
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