Zygmunt Bauman afirma que existem na história humana três motivos para que tenhamos medo. O primeiro é a ignorância perante adversidades, infortúnios sociais, tragédias naturais. Muitas vezes não se sabe ao certo suas origens e o que poderão se tornar no futuro. O segundo é a sensação de impotência diante de infortúnios ou catástrofes. Isto é, o sentimento de que não há como evitar as suas consequências. Por último, o sociólogo destaca a humilhação como motivo para o medo. Ela é apavorante porque atinge a autoestima e autoconfiança humanas. Derivada da impotência em resolver os infortúnios, somos tragados por ela.
Relembrando Freud, Bauman destaca três situações geradoras de angústias e medos: a continuada sensação de que a natureza é algo superior; a terrível sensação de que nossos corpos são frágeis e, por último, o medo diante dos seres humanos. As observações apresentadas dão base, a nosso ver, aos discursos políticos e morais na atualidade, pois proliferam os políticos que prometem enfrentar as adversidades humanas a partir das imagens da valentia e do justiceiro.
As condições de insegurança das populações nas cidades perante o crime organizado, a ausência de assistência do estado para prover os serviços básicos como, por exemplo, saúde, educação, lazer, moradia e transporte materializam os motivos e razões sociais e culturais, destacadas por Freud e Bauman.
Diante do medo, as pessoas negociam suas liberdades futuras em troca de uma virtual segurança no presente. A fabricação do medo se materializa quando as pessoas desejam viver em condomínios fechados, com alarmes monitorados 24 horas por empresas de segurança. Elas desejam uma cidade sob câmeras e fazem do shopping center o palácio de cristal do consumo.
Assim é que Bolsonaro e Styvenson são mitos criados que prometem segurança e felicidade nas cidades. O primeiro incorporando a imagem do herói matador de bandidos e aquele que facilitará o acesso a armas de fogo para a população. O segundo como o justiceiro urbano ao disseminar o imaginário da punição aos motoristas em blitzes policiais. O pretexto de combaterem a violência urbana os torna heróis a partir da interiorização e proliferação do medo. Seus índices de aprovação nas pesquisas eleitorais são provas da projeção e identificação com os mesmos.
Outros agentes sociais também despontam como justiceiros. Não usam bazucas ou metralhadoras em punho, mas o poder da norma jurídica e têm causado efeitos devastadores. Dois são paradigmáticos: Joaquim Barbosa e Sérgio Moro. Usam a norma como materialização de suas conveniências políticas. Ressaltamos que esta prática vem sendo assumida pelo STF e como efeito cascata, aplicada nos outros tribunais. O lema é processar, prender e expor ao máximo suas vítimas, sobretudo, se elas forem da esquerda e ou ligadas ao PT.
A outra vertente de propagadora do ódio e do medo é a mídia. E a Rede Globo tem sido a arena romana dos dias atuais. Encena seu teatro da crueldade em palco epidemediático de tragédias e acontecimentos diários contra Lula e o PT. E não tenhamos dúvidas, as figuras citadas anteriormente, são suas criações. Da propagação e do ódio ao PT, foram paridos Moro e Bolsonaro. Da ausência de uma política de educação para o trânsito no RN, advém Styvenson.
O país não precisa de justiceiros, mas de agentes políticos com experiência em gestão pública. Bolsonaro e Styvenson não possuem tais qualidades. São moralistas substituindo a política pela conveniência eleitoral do discurso populista da fábrica de ordem e da segurança.
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