quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A ESCOLA E A NECESSIDADE DO CONHECIMENTO HISTÓRICO >> No Rio, estudantes conhecem sobrevivente do Holocausto para aprender sobre a 2ª Guerra

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No Rio de Janeiro, estudantes de escolas públicas se encontraram em novembro passado com um sobrevivente do Holocausto para uma conversar sobre a Segunda Guerra Mundial e direitos humanos. Os colégios municipais Nelson Prudêncio, Anísio Teixeira e Rotary, na Ilha do Governador, zona norte da capital fluminense, participaram de uma jornada de conscientização sobre a perseguição aos judeus e outras minorias.
Anualmente, a ONU marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, 27 de janeiro.
“Muitas pessoas não acreditam que o Holocausto aconteceu. O Holocausto aconteceu, sim. Eu vivi essa parte da história. E o que eu gostaria de transmitir, e que os jovens assimilassem, é a história verdadeira e o respeito aos direitos humanos”, disse o sobrevivente do regime nazista, Jorge Trédler, em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).
Durante o encontro com os alunos da rede pública, no Ginásio Olímpico Nelson Prudêncio, na Ilha do Governador, Trédler contou que ele e sua família fugiram da Polônia em 1939, quando a Alemanha nazista invadiu e ocupou o país. Eles foram para a Rússia em busca de proteção. No entanto, assim que chegaram, os pais de Trédler foram levados pela polícia secreta soviética para um Gulag — campo de trabalho forçado da ex-União Soviética. Com apenas quatro anos, Trédler e a irmã, de sete, ficaram sozinhos. Sem pais, abrigo ou comida, o sobrevivente conta que se alimentava de grama e capim para não morrer de fome.
Para Trédler, falar sobre o Holocausto nas escolas brasileiras é transmitir para as crianças uma parte da história “que não pode ser esquecida”.
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A aula especial fez parte da Jornada Interdisciplinar de Ensino do Holocausto, organizada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e pela Associação B’nai B’rith. Realizada todos os anos, a iniciativa promove uma programação de palestras e atividades para complementar o trabalho dos professores de História, que já abordam o tema nas aulas regulares. O evento também busca estimular entre os alunos uma reflexão sobre intolerância e preconceito.
Na avaliação do professor de História Roberto Antunes, as escolas devem discutir esse assunto junto com questões de direitos humanos e direitos do cidadão para que “as novas gerações ajudem a melhorar o nosso país”.
“Uma vez, trabalhando o regime nazista com uma turma de 6º ano, uma aluna minha começou a chorar. Ela disse que seu pai tinha sido morto em uma situação de intolerância e desrespeito aos direitos do cidadão. Aquilo me mostrou o quanto é necessário falar sobre esse tema”, explicou o docente.
“Como dizem os nossos amigos sobreviventes: esquecer jamais!”, completou Antunes.
De acordo com o professor, o Rio de Janeiro sempre deu ênfase a esse tema no currículo de História, mesmo antes da aprovação, em 2011, de uma lei municipal que torna obrigatório o aprendizado sobre o Holocausto no ensino fundamental.
Também presente na aula, a desembargadora Denise Trédler, casada com o sobrevivente, disse que é imprescindível que professores e pedagogos ampliem os conhecimentos sobre a história do povo judeu e da Segunda Guerra Mundial e promovam debates sobre racismo e antissemitismo no ambiente escolar.
“Não dá para falar sobre o Holocausto sem falar nas gravíssimas violações de direitos humanos dos judeus e de todos os outros que perderam os maiores bens que o ser humano pode ter: a liberdade e a dignidade”, disse a magistrada, observando que “os jovens precisam ter a memória dos fatos para evitar que eles se repitam”.
O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto foi criado pela Assembleia Geral da ONU em 2005, com a adoção de uma resolução que não apenas estabeleceu a data, mas também rejeitou toda e qualquer negação do Holocausto como um evento histórico. O texto condena todas as manifestações de intolerância religiosa, incitação, assédio ou violência contra pessoas ou comunidades, com base em origem étnica ou crença religiosa, em qualquer lugar.

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