Concentração na Praça Sete de Setembro |
Do Blog do Daniel Dantas
A juventude potiguar e natalense, que de tantas lutas do passado
nos honra com histórias heróicas em favor do povo e da democracia –
levante de 35, luta de gente como Silton Pinheiro ou Emanuel Bezerra -,
retomou seu brilho na luta na tarde de hoje em Natal. O mesmo brilho
que movimentou a cidade no ano passado, culminando com a Ocupação da
Câmara Municipal até que a casa legislativa instaurou uma CEI que
investigou os contratos da prefeitura.
Antes de mais nada disponibilizo a seguir dois vídeos da transmissão do movimento de hoje pela twitcam. Eram na verdade três vídeos, mas uma das partes foi perdida na transmissão – o vídeo travou e caiu sem que eu salvasse. Transmiti até que a bateria no notebook descarregou. (evidentemente que meu rosto aparece algumas horas quando tento colocar a transmissão no ar).
A primeira manifestação, na quarta-feira, mobilizou cerca de 2 mil pessoas. E foi duramente reprimida pela PM.
O clima foi incendiado com as seguidas entrevistas concedidas pelo
comandante geral da Polícia Militar, Cel. Araújo. Araújo afirmou à
imprensa que todo contingente da PM estaria de prontidão no protesto de
hoje para “garantir a ordem pública”. Acusou os estudantes de serem
vândalos e disse, imagine, que a polícia havia atirado uma única bomba
de gás lacrimogênio no protesto de guarda. Disse também que os
estudantes haviam derrubado uma fiação de alta tensão no chão, na
calçada de um supermercado.
A PM se preparava para agir no estacionamento de uma Igreja do
Nazareno que fica a alguns metros da esquina. Eu filmei um pouco a
presença dos policiais. Clique aqui para assistir.
Os infiltrados
Os infiltrados
Nosso amigo PM infiltrado |
A expulsão da InterTV Cabugi
“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”. Em todas
manifestações populares nas quais participei, os movimentos sociais se
voltam contra veículos da imprensa tradicional. Dessa vez, não foi
diferente.
Mas o clima contra a InterTV Cabugi, afiliada da TV Globo no RN, azedou
muito devido à forma como os protestos de quarta-feira foram cobertos.
Principalmente pela entrevista que foi realizada com o Cel. Araújo.
Não apenas porque não ouviu o lado dos estudantes, mas principalmente
porque suas repórteres se preocuparam em preservar o lado da PM e
criminalizar os manifestantes.
Entre outras coisas, foi a InterTV que “informou” que a PM havia atirado
apenas uma bomba de gás lacrimogênio. E também contribuiu na acusação
de vandalismo contra os estudantes.
A InterTV repetiu o comportamento da TV Ponta Negra ano passado, durante
a ocupação da Câmara, na tentativa de criminalizar o movimento. E
assim como a Ponta Negra, a InterTV foi rechaçada pela multidão.
Assista o vídeo aqui.
É claro que, mesmo compreendendo o porquê das ações, eu discordo da
expulsão de colegas jornalistas dos locais de nossas mobilizações
populares. Até porque isso alimenta um contra-discurso adversário de
nossas lutas. Mas a ação está, lamentavelmente, justificada.
Aliás, como disse a alguns jornalistas pelo twitter hoje, espero que
todos os meus colegas saibam como o enquadramento de uma notícia na
edição – especialmente das imagens – é capaz de modificar o sentido e os
desdobramentos de alguns fatos. Se não souberem disso, precisam voltar
aos bancos escolares.
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