segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Política >> Fernando Bezerra revela que o PMDB está nas mãos de Wilma de Faria

Alvo de especulações e objeto de curiosidade desde que teve seu nome lançado como provável pré-candidato a governador pelo PMDB, o empresário, ex-senador e ministro Fernando Bezerra decidiu romper o silêncio. E ao falar mostrou uma sinceridade própria de quem estava afastado havia oito anos do jogo político: revelou que ainda não decidiu se aceitará ou não o convite para ser candidato a governador. E mais: que o PMDB e ele próprio esperam a decisão da ex-governadora e atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, que só deverá ser anunciada em março. Fernando Bezerra já avisou: se Wilma decidir se candidatar ao governo, ele desiste. Admite que não é páreo para a presidente estadual do PSB.

A desconcertante sinceridade de Fernando Bezerra revelou o cerne das discussões que são travadas no comando do PMDB do Rio Grande do Norte, apesar das tentativas de dissimulação patrocinadas pelo presidente regional, deputado Henrique Eduardo Alves. Em entrevista à 94 FM, da capital, Fernando Bezerra disse que se Wilma de Faria optar pela disputa da sucessão estadual, o nome mais forte seria o do senador licenciado e ministro Garibaldi Filho, que já reiterou, diversas vezes, que não deseja ser candidato. Outro nome seria o do deputado Henrique Alves, que nega ter interesse na disputa e disse ao próprio Fernando Bezerra que é mais útil para o Rio Grande do Norte permanecendo em Brasília, onde tentará ser reeleito presidente da Câmara dos Deputados.

A entrevista de Fernando Bezerra, concedida na manhã da última quarta-feira, 5, é demolidora em termos de revelação das dúvidas e preocupações que norteiam as discussões e povoam as mentes das principais lideranças do PMDB. Maior agremiação partidária do Estado, o PMDB tem 50 prefeitos, inúmeros vice-prefeitos e vereadores, uma das maiores bancadas da Assembleia Legislativa, duas cadeiras no Senado, o presidente da Câmara dos Deputados e um ministro. Tem quadros, mas, no final das contas, não tem nomes disponíveis para disputar o governo.
Incomodado com as especulações que o apontam como candidato laranja – estaria esquentando o lugar para Henrique Alves – ou com baixa viabilidade eleitoral, Fernando Bezerra, mesmo sem querer, demoliu a estratégia traçada pelo PMDB para ganhar tempo até março. Após reunião da Comissão Executiva, realizada no final de janeiro, Henrique Alves anunciou que o partido iniciaria neste sábado, 8, o processo de consulta às bases e até março espera definir o desenho das alianças e o projeto de candidato próprio ao governo.

ESPERA

A entrevista de Fernando Bezerra é esclarecedora e suas palavras incomodaram as lideranças do partido, pela sinceridade, segundo uma fonte peemedebista com acesso ao comando. Por que o PMDB esperaria até março para definir uma candidatura própria que anunciou no início do segundo semestre do ano passado quando se decidiu pelo rompimento político com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)?

A resposta está no calendário e na legislação eleitorais: apontado como principal nome do partido e único em condições de enfrentar uma eventual candidatura de Wilma de Faria, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho, teria de deixar o cargo até o final de março ou primeiros dias de abril para poder ser candidato ao governo. A presidente Dilma já fez mudanças no Ministério, exonerando auxiliares que pretendem se candidatar nas próximas eleições, caso de Alexandre Padilha, da Saúde e Gleisi Hoffman, da Casa Civil. E se Garibaldi Filho não deixou o ministério é porque garantiu à presidente que não pretende se candidatar.

Garibaldi não quer ser candidato ao governo. Seu filho, o deputado Walter Alves, considerado jovem e sem experiência para uma disputa majoritária, não será candidato se depender do próprio Garibaldi e de sua família. Walter, segundo fontes do PMDB, seria a última alternativa de Henrique Alves, que ainda insiste na candidatura de Fernando Bezerra, mas sabe que esta seria a última chance de disputar o Governo do Estado, considerando o prestígio político que alcançou após mais de 40 anos de atuação no Congresso Nacional.

O problema de Henrique é o mesmo do PMDB e atende pelo nome de Wilma de Faria. Nas duas vezes que tentou se eleger prefeito de Natal, em 1988 e 1992, Henrique Alves foi derrotado pela hoje presidente do PSB. Na primeira eleição, por ela própria; na segunda, por um engenheiro sem qualquer experiência em eleições. As derrotas marcaram a trajetória do presidente do PMDB

Fonte: Jornal Metropolitano, 07 de fevereiro 2014 
http://www.jornalmetropolitano.com.br/#

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