Alvo de especulações e objeto
de curiosidade desde que teve seu nome lançado como provável
pré-candidato a governador pelo PMDB, o empresário, ex-senador e
ministro Fernando Bezerra decidiu romper o silêncio. E ao falar mostrou
uma sinceridade própria de quem estava afastado havia oito anos do jogo
político: revelou que ainda não decidiu se aceitará ou não o convite
para ser candidato a governador. E mais: que o PMDB e ele próprio
esperam a decisão da ex-governadora e atual vice-prefeita de Natal,
Wilma de Faria, que só deverá ser anunciada em março. Fernando Bezerra
já avisou: se Wilma decidir se candidatar ao governo, ele desiste.
Admite que não é páreo para a presidente estadual do PSB.
A desconcertante sinceridade de
Fernando Bezerra revelou o cerne das discussões que são travadas no
comando do PMDB do Rio Grande do Norte, apesar das tentativas de
dissimulação patrocinadas pelo presidente regional, deputado Henrique
Eduardo Alves. Em entrevista à 94 FM, da capital, Fernando Bezerra disse
que se Wilma de Faria optar pela disputa da sucessão estadual, o nome
mais forte seria o do senador licenciado e ministro Garibaldi Filho, que
já reiterou, diversas vezes, que não deseja ser candidato. Outro nome
seria o do deputado Henrique Alves, que nega ter interesse na disputa e
disse ao próprio Fernando Bezerra que é mais útil para o Rio Grande do
Norte permanecendo em Brasília, onde tentará ser reeleito presidente da
Câmara dos Deputados.
A entrevista de Fernando Bezerra,
concedida na manhã da última quarta-feira, 5, é demolidora em termos de
revelação das dúvidas e preocupações que norteiam as discussões e povoam
as mentes das principais lideranças do PMDB. Maior agremiação
partidária do Estado, o PMDB tem 50 prefeitos, inúmeros vice-prefeitos e
vereadores, uma das maiores bancadas da Assembleia Legislativa, duas
cadeiras no Senado, o presidente da Câmara dos Deputados e um ministro.
Tem quadros, mas, no final das contas, não tem nomes disponíveis para
disputar o governo.
Incomodado com as especulações que o
apontam como candidato laranja – estaria esquentando o lugar para
Henrique Alves – ou com baixa viabilidade eleitoral, Fernando Bezerra,
mesmo sem querer, demoliu a estratégia traçada pelo PMDB para ganhar
tempo até março. Após reunião da Comissão Executiva, realizada no final
de janeiro, Henrique Alves anunciou que o partido iniciaria neste
sábado, 8, o processo de consulta às bases e até março espera definir o
desenho das alianças e o projeto de candidato próprio ao governo.
ESPERA
A entrevista de Fernando Bezerra é
esclarecedora e suas palavras incomodaram as lideranças do partido, pela
sinceridade, segundo uma fonte peemedebista com acesso ao comando. Por
que o PMDB esperaria até março para definir uma candidatura própria que
anunciou no início do segundo semestre do ano passado quando se decidiu
pelo rompimento político com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)?
A resposta está no calendário e na
legislação eleitorais: apontado como principal nome do partido e único
em condições de enfrentar uma eventual candidatura de Wilma de Faria, o
ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho, teria de deixar o cargo
até o final de março ou primeiros dias de abril para poder ser
candidato ao governo. A presidente Dilma já fez mudanças no Ministério,
exonerando auxiliares que pretendem se candidatar nas próximas eleições,
caso de Alexandre Padilha, da Saúde e Gleisi Hoffman, da Casa Civil. E
se Garibaldi Filho não deixou o ministério é porque garantiu à
presidente que não pretende se candidatar.
Garibaldi não quer ser candidato ao
governo. Seu filho, o deputado Walter Alves, considerado jovem e sem
experiência para uma disputa majoritária, não será candidato se depender
do próprio Garibaldi e de sua família. Walter, segundo fontes do PMDB,
seria a última alternativa de Henrique Alves, que ainda insiste na
candidatura de Fernando Bezerra, mas sabe que esta seria a última chance
de disputar o Governo do Estado, considerando o prestígio político que
alcançou após mais de 40 anos de atuação no Congresso Nacional.
O problema de Henrique é o mesmo do PMDB
e atende pelo nome de Wilma de Faria. Nas duas vezes que tentou se
eleger prefeito de Natal, em 1988 e 1992, Henrique Alves foi derrotado
pela hoje presidente do PSB. Na primeira eleição, por ela própria; na
segunda, por um engenheiro sem qualquer experiência em eleições. As
derrotas marcaram a trajetória do presidente do PMDB
Fonte: Jornal Metropolitano, 07 de fevereiro 2014
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