Em palestra em Campinas, no evento “A economia Brasileira: Desafios
ao seu crescimento”, Eduardo Giannetti, um dos gurus de Marina Silva
para a economia, defende o ensino pago nas universidade públicas, pelo
menos para os estudantes que podem pagar e, segundo ele, os que fizeram
nível médio em escola particular, podem pagar ensino universitário.
Diante disso, fiz uma pesquisa para saber quem seria atingido com esta
medida e achei um artigo que me responde a dúvida, este artigo de
Wladimir Saflate, embora não seja uma resposta à Giannetti, é
interessante. Como exemplo, ele diz que uma familia que ganha 10 mil
reais por mês teria que escolher, dentre os filhos, um deles para
ingressar na universidade, como ocorre no Chile.
Na esteira das discussões a respeito da pertinência de se cobrar
mensalidades na Universidade de São Paulo, mais debates apareceram a
respeito de nossas universidades públicas em outras partes do Brasil.
Alguns deles se colocaram sob o signo de clamores de “justiça social”,
tentando passar a ideia de que nossas universidades públicas seriam
espaços de espoliação do dinheiro do Estado pela elite.
Contra essa pretensa espoliação, não se apresentam novas formas de
financiamento para assegurar a gratuidade e o maior número de vagas. Ao
contrário, com esses amálgamas, só mesmo possíveis no mundo invertido do
liberalismo brasileiro, procura-se passar a ideia inacreditável de que
universidades pagas seriam socialmente mais justas. Essa ideia, no
entanto, não tem sustentação alguma.
Segundo esta mesma Folha
informou, algo em torno de 60% dos estudantes da Universidade de São
Paulo vêm de famílias que ganham até dez salários mínimos (ou seja, até
R$ 7.240). Digamos que essa “elite” devesse pagar mensalidades de R$
2.000 por aluno matriculado na universidade. Para alguns, “justiça
social” significa tal família ser obrigada a pagar quase 30% de seus
salários para que seus filhos estudem em uma universidade pública.
Imagine se essa família, ou mesmo uma família que ganhe R$ 10 mil, tiver
dois filhos estudando em universidades. Como no Chile de hoje, ela
deverá escolher um dos filhos para seguir na vida acadêmica. Um belo
exemplo de justiça.
Neste ano de eleição, colocar tal tema em pauta
mostra a inanidade de nosso debate político atual. Ela mostra também o
quanto a classe rica deste país está disposta a fazer para defender seus
rendimentos. Deveríamos estar debatendo formas de taxar os realmente
ricos para financiar melhor as nossas universidades públicas. Países
como o Uruguai, que conseguiram conservar sua educação pública, têm
impostos exclusivos para a educação.
No entanto, estamos a debater
como espoliar a classe média para evitar usar a capacidade de
contribuição dos muito ricos para financiar nossos serviços públicos.
Uma universidade como a USP representa 25% de todas as pesquisas feitas
neste país, mesmo sendo administrada de maneira, no mínimo, temerária,
como mostraram os resultados da nossa última reitoria. Muitos gostariam
de impedir o Estado de financiar tais pesquisas submetendo-as aos
interesses imediatos do mercado, transformando-nos em pesquisadores
pagos por indústrias farmacêuticas, multinacionais, empreiteiras, bancos
e outros amantes do saber desinteressado.
Fonte: Site CARTA MAIOR
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