quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Cultura Popular de luto >> Familiares e amigos se despedem da cantora Selma do Coco em Olinda

Nomes da cultura pernambucana, como Lia de Itamaracá, Naná Vasconcelos, Ed Carlos, Silvio Botelho e Mestre Galo Preto, prestaram homenagens à cantora (Foto: Vitor Tavares/G1)

Familiares, amigos e nomes da cultura pernambucana se despediram da cantora Selma do Coco, neste domingo (10), em velório realizado no Clube Vassourinhas, no Sítio Histórico de Olinda, Grande Recife. A despedida de Selma, que detinha o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, teve a presença do boneco gigante que Silvio Botelho confeccionou há 19 anos e referências ao coco, ritmo que a cantora teve papel fundamental em divulgar Brasil afora. Após o velório, o corpo segue em cortejo pelas ruas de Olinda, acompanhado de música. O enterro ocorreu no Cemitério de Guadalupe.
Selma do Coco, 85 anos, faleceu no sábado (8) depois de ter sofrido "uma parada cardíaca, sendo reanimada, e seguida por falência múltipla de órgãos", segundo nota divulgada pelo Hospital Miguel Arraes, no Grande Recife. A cantora estava internada na unidade de saúde há 28 dias, para onde foi levada após fraturar o fêmur.

O velório ficou cheio de familiares e admiradores. Selma teve três filhos, uma menina que morreu ainda bebê e outros dois homens, que também já faleceram. A cantora ainda criou mais catorze sobrinhos, todos considerados filhos, e diversos netos e bisnetos.  "Ela vai deixar muita saudade porque era a mãe de todos nós. Ela passava uma energia muito boa para todo mundo. Até os últimos dias, antes da queda, ela ainda brincava e cantava o seu coco", contou Aurinha do Coco, nora de Selma e que conviveu com ela até os últimos dias.


Muitos nomes da cultura pernambucana também foram prestar suas homenagens, como Lia de Itamaracá, Naná Vasconcelos, Ed Carlos, Silvio Botelho e Mestre Galo Preto. Em setembro do ano passado, as amigas Lia e Selma fizeram a última viagem juntas, para Petrolina, no Sertão do estado. "Pernambuco perde uma de suas molas da cultura. Toda vida Selma foi alegre, rindo sempre e sempre fomos muito unidas, porque é disso que a cultura precisa. Agora estamos separadas nesse plano, mas Selma deixou suas sementes já criadas para continuar seu trabalho" relembrou a cantora.

Naná Vasconcelos fez questão de destacar a importância de Selma para a cultura afro. "Ela sempre foi um dos nossos grandes nomes, defensora das raízes", disse. "O coco e a cultura vão sentir muita falta", completou o Mestre Galo Preto, outro ícone que detém o nome de patrimônio vivo do estado.

Corpo da artista seguiu em cortejo pelas ruas de Olinda até o Cemitério de Guadalupe (Foto: Vitor Tavares/G1)Em nota, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), destacou a forca cultural da cantora. "Como nosso Patrimônio Vivo, Dona Selma continuará sendo uma grande referência da cultura de Pernambuco, por sua alegria contagiante, por sua fidelidade às raízes e à expressão mais profunda do nosso povo. Dona Selma levou toda essa riqueza a diversos países, mostrando a diversidade e a resistência da cultura das pernambucanos e dos pernambucanos. Expresso as minhas sinceras condolências aos seus familiares e amigos".

Com a morte de Selma, agora o trabalho da família será em preservar a história do coco e da herança que a cantora deixa. A ideia é transformar a casa onde Selma morava, em Guadalupe, Olinda, num centro cultural. "A gente pretende fazer isso por ela e pela importância de preservar a cultura. Precisamos de apoio, mas queremos perpetuar isso", contou Jaqueline Leite, nora da cantora. "Ela era o centro de nossa família, ainda não sabemos como vamos viver sem ela, mas nunca será esquecida", concluiu o neto Junior Andrade.

Fonte: Do G1 PE


Sem comentários:

Enviar um comentário