quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

“RN tem a pior bancada federal da história”, diz coordenador geral do Sindipetro


José Araújo afirma que a Petrobras deve diversificar atuação para se tornar empresa de energia (Foto: Cacau)
Responsável por muitos empregos diretos e indiretos no Rio Grande do Norte, o setor petrolífero enfrenta problemas no Estado devido à diminuição nos investimentos pela Petrobras, situação agravada pelo que o coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros do RN (Sindipetro/RN), José Araújo, classifica como a pior bancada federal da história potiguar.

“Com relação aos interesses dos trabalhadores, essa é a pior bancada federal que o RN já elegeu. Dos oito deputados federais que nós temos, cinco são controlados pelo Eduardo Cunha (PMDB). Para ter uma ideia, eles aprovaram o projeto da terceirização, que escraviza o trabalhador, o projeto da turma da bala, que facilita a compra de armas, e a redução da maioridade penal, então, todos eles votaram nesses grandes retrocessos”, afirma.

O presidente declara não ver perspectivas de melhora para o setor no RN em 2016 por causa de fatores como a queda no preço do barril de petróleo no mercado internacional, forçada por países com grande produção do combustível, como a Arábia Saudita e Emirados Árabes. Ele explica que, com a redução no preço de venda no mercado, extrair petróleo se torna, do ponto de vista empresarial, menos vantajoso que adquirir o produto.

“A produção do barril de petróleo custa, em média, U$35 no Rio Grade do Norte, então, quando o petróleo está abaixo desse valor no mercado, é preferível você comprar que produzir. Porém, a Petrobras é uma empresa que tem um papel social a cumprir. Por isso, ela deve seguir produzindo e não só encarar as coisas do ponto de vista mercadológico”, disse José Araújo.

O coordenador do Sindipetro lembra que, o barril de petróleo custava, em média, U$ há U$115, mas, hoje, o material é vendido por uma média de U$35. Ele exemplifica que, se a Petrobras comprar o barril de petróleo por U$ 30, por exemplo, do ponto de vista empresarial, ela fez um bom negócio, pois produzi-lo custaria U$35. No entanto, essa economia de U$ 5 em relação ao custo de produção geraria custos sociais e econômicos maiores em relação aos empregos, renda e infraestrutura no país, entre outros fatores.

“Nós defendemos uma Petrobras 100% estatal. Hoje o Governo Federal é dono de 51% da empresa, mas, por causa da pressão dos acionistas que detêm 49% da Petrobras, ela tem se portando uma empresa do sistema capitalista sem um papel social a cumprir, pois os caras na bolsa de valores não se importam com o povo brasileiro”, declara.

SINDICATO DEFENDE A CONTINUIDADE DA PETROBRAS NO RN
José Araújo conta que, embora a produção de petróleo no Rio Grande do Norte tenha caído de 105 mil para 66 mil barris por dia nos últimos anos, a continuação da exploração da empresa sobre os chamados “campos maduros” e na perfuração de novos poços é viável. Ele afirma que, com os investimentos corretos por parte da Estatal, é possível não só manter, mas aumentar a produção no Estado.
Para garantir a permanência da Petrobras no RN, e, consequentemente, a manutenção dos empregos no Estado, o Sindipetro reivindica que a empresa conclua, até o ano de 2017, a perfuração de 1.000 poços espalhados pelo Estado. Tal medida seria não só importante para a geração de empregos e para aumentar a disponibilidade do combustível, mas também para o desenvolvimento de tecnologia.

“Se perfuraram há uma promessa de concluir até o final deste ano 540 novos poços, ainda faltam 460 perfurações para a meta de 1.000 novas perfurações até 2017. Esse investimento geraria empregos diretos e indiretos nas diferentes fases do projeto, desde a perfuração, até o transporte e instalação da infraestrutura”, disse.

José Araújo explica que, para a exploração de petróleo no RN, a Petrobras teve de desenvolver, ao longo dos anos, tecnologias que a tornaram a empresa mais preparada para a exploração de petróleo no mundo. Entre os projetos, ele cita a injeção de vapor no poços terrestres para aumentar a produção, para o qual a empresa criou, no Estado, o maior vaporduto do planeta. Outra ação importante foi a inda a instalação de usina termelétrica da Petrobras no RN.

“A Petrobras tem de deixar de ser uma empresa produtora de combustíveis para se tornar uma empresa de energia, com atuação não só na área do petróleo, mas de eletricidade, biocombustíveis e tecnologia. Isso favoreceria toda a sociedade, pois nos ajudaria a chegar à autossuficiência energética e geraria muito mais empregos”, afirma.

Ao investir mais em biocombustíveis, por exemplo, a Petrobras estimularia a produção de matéria prima como mamona e girassol por agricultores, o que promoveria renda. O coordenador exemplifica ainda que foi a Petrobras quem estimulou a produção de energia eólica no Estado através da instalação de três turbinas na cidade de Macau na década de 1990.

RETIRADA DE INVESTIMENTOS DA PETROBRAS FECHOU 15 MIL POSTOS DE EMPREGO NO RN DESDE 2011
José Araújo afirma que, por causa da diminuição nos investimentos da Petrobras no Rio Grande do Norte, desde o ano de 2011, ele estima que 15 mil empregos diretos e indiretos tenham sido fechados no Estado. Ele explica que, o impacto sobre a economia potiguar só não foi maior porque, embora grande parte da mão de obra foi remanejada para outros estados, muitos trabalhadores enviam recursos mensalmente para as famílias no RN.

O coordenador conta que, em parte, a diminuição nos investimentos da Petrobras no RN foi motivada pela descoberta e exploração do pré-sal, na região Sudeste do país, onde apenas dois poço chegam a produzir quase tanto quanto petróleo quanto todo o Rio Grande do Norte.

“Entendemos a importância do pré-sal, mas é preciso continuar a investir no RN. A mão de obra especializada potiguar tem sido remanejada para outros estados e, embora as suas famílias continuam no Estado, toda a economia é afetada pelo fechamento de empregos. Em todo o mundo, o setor petrolífero já demitiu 150 mil trabalhadores diretamente, o que é preocupante”, afirma.

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