domingo, 1 de janeiro de 2012

Educação em debate

Especialista afirma que Brasil ainda não está preparado para mudanças ortográficas

Fonte: Jornal O Mossoroense

O ano de 2012 é o último para a adaptação às mudanças ortográficas na língua portuguesa. Livros didáticos dos ensinos Fundamental e Médio têm somente este ano para passar a seguir o novo acordo ortográfico. A partir de janeiro de 2013, serão corretas apenas as novas grafias, válidas também para vestibulares e concursos públicos, segundo o Ministério da Educação.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrou em vigor em 2008, 18 anos após sua elaboração. O Brasil é o primeiro país entre os que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) a adotar oficialmente a nova grafia.

O objetivo das mudanças é unificar o idioma - falado oficialmente em oito países e que tem 230 milhões de falantes no mundo - e disseminar a língua portuguesa. As novas regras mudam o uso do hífen, padronizam palavras, extinguem o trema e a acentuação em algumas palavras.

Porém, as mudanças são bem vistas por alguns especialistas. É o caso do professor Édimo Jales, para quem o Brasil não está preparado para aplicar as mudanças definitivamente no prazo estabelecido. Segundo ele, as próprias instituições não se preocupam com isso.


"Por exemplo, a Academia Brasileira de Letras não publicou ainda nenhum dicionário, nenhuma obra completa expressando essas mudanças. Nenhuma escola, até hoje, preparou os estudantes para essa mudança", critica o professor.

E continua: "E digo mais, os próprios professores também não estão preparados, e o aluno também não está dando muita importância a isso". Para Édimo Jales, isso ocorre porque o novo acordo foi imposto, colocado sem ouvir o conjunto da sociedade.


Segundo o professor, o Brasil vai precisar de mais tempo para aplicá-lo em sua plenitude, tempo para conquistar mais credibilidade e transmitir mais seriedade. Até porque, entende ele, o acordo é superficial, não resolve as necessidades que se buscam.

"As mudanças não precisam ser apenas no aspecto gráfico, mas no semântico. A gramática não acompanhou a evolução da sociedade, continua com herança machista, privilegiando o masculino nas palavras. O novo acordo é uma mudança política", critica.

MUDANDO
As principais mudanças são fim do acento que diferencia palavras escritas de forma igual. Exemplo: Pára, o verbo, vira para; desaparece o acento agudo nos ditongos abertos -ei, -oi-, -eu das palavras paroxítonas (Idéia vira ideia, paranóico vira paranoico).
O trema deixa de existir. Agüentar vira aguentar, cinqüenta vira cinquenta. Abolido acento circunflexo nos encontros de vogais -oo e -ee. Vôo vira voo; eliminado o hífen em palavras compostos cuja noção de composição se perdeu, como em pára-quedas, que vira paraquedas, e manda-chuva, que vira mandachuva.

Fim do hífen também em palavras derivadas por prefixação, quando o prefixo terminar com vogal e a palavra seguinte começar por qualquer consoante, exceto "h", ou por uma vogal diferente. Contra-regra será escrito contrarregra e auto-escola vira autoescola.

O hífen passará a ser usado em palavras derivadas por prefixação, quando o prefixo termina com uma vogal igual à vogal inicial do outro elemento. Antiinflamatório será escrito anti-inflamatório e microondas passará a ser micro-ondas.

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