Deflagrada em Natal no início da semana e
 confirmada pelos docentes da regional do Sindicato dos Trabalhadores em
 Educação (SINTE) em Mossoró na quarta-feira passada, 14, a greve dos 
professores da rede estadual de ensino segue sem previsão de término.
Sem negociações entre governo e categoria, o comando de greve se 
mobiliza para conseguir adesão ao movimento. A Secretaria Estadual de 
Educação, por sua vez, encaminhou o pedido de ilegalidade do movimento, 
através da Procuradoria Geral do Estado, e anunciou o corte de ponto dos
 professores que não estiverem em sala de aula.
A secretária de Educação, Betânia Ramalho, diz que o número de 
docentes que se ausentaram da sala de aula é inexpressivo e que já 
existem profissionais retornando às atividades. “A greve é uma pretensa 
greve”, diz ela, que continua afirmando que o movimento grevista é de 
cunho político.
Para Ramalho, basta olhar a pauta de reivindicações do Sindicato para
 constatar o cunho da greve. Ela diz que as reivindicações partem de uma
 pesquisa, que considera especulativa, a qual menciona que 95% da rede 
estadual de ensino está desestruturada. A representante nega a 
veracidade da informação. Segundo ela, se os dados fossem verdadeiros os
 professores não permaneceriam no caos sem reclamar à Secretaria.
Ramalho garante que estão sendo feitos investimentos na educação e 
cita a licitação de 40 novas quadras esportivas, a reforma do Atheneu e 
do Caic de Assu. “É uma greve política, sim, motivada pela retirada dos 
professores que estavam há anos no sindicato”, reforça.
“E eu digo mais, é oportuna”, menciona a secretária, se referindo ao 
momento vivido pelo Estado. “Nós estamos tirando a educação do caos e 
eles estão muito incomodados com isso”, acrescenta.
Quanto à afirmação da secretária, o coordenador regional do Sinte, 
Rômulo Arnaud, afirma: “Se você me perguntar, eu também digo que é uma 
greve política, mas ser política não significa ser partidária”.
Para ele, a alegação do Estado é uma forma de distorcer a 
mobilização. “É querer desvirtuar, querer mudar o foco”, diz ele. 
“Aliás, esse é um argumento que todo governo usa”, acrescenta Arnaud, 
que questiona a razão de um viés político para o movimento, já que este 
ano não é ano de eleição.
Rômulo comenta ainda que, em Natal, a greve foi deflagrada às 10h da 
segunda-feira e às 8h, a secretária de Educação já anunciava o corte de 
ponto, sem ao menos ter pedido a ilegalidade da greve. Ele também 
menciona que o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece como 
ilegal o corte de ponto, pois considera que quando isso é feito o 
direito de greve está sendo negado. Arnaud diz que a categoria está 
preparada para lutar e vencer a luta.
Durante a assembléia realizada em Mossoró essa semana, o coordenador 
sindical afirmou que o movimento grevista se baseia em 15 pontos de 
pauta, dos quais destaca a necessidade de reformulação do Plano de 
Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) do Magistério, implantação do PCCS 
dos funcionários das escolas, implantação de um Plano Estadual de 
Educação, reformulação da Lei de Gestão Democrática e melhoria da 
infraestrutura dos prédios escolares.
Os pontos de pauta incluem ainda o pagamento das horas excedentes de atividades dentro de sala de aula.
No que se refere à decisão da Justiça que determinou que o Estado 
deveria pagar aos professores as horas extras dadas em sala de aula, ela
 afirma: “Não existe isso, os pagamentos estão sendo feitos a cada mês”.
 Segundo ela, a decisão só seria aplicável se o reordenamento não 
estivesse sendo realizado. “Essa greve não tem repercussão”, enfatiza 
Ramalho.
Betânia Ramalho menciona que de dezembro de 2010 a janeiro de 2013 os
 professores do Estado tiveram um reajuste de 76,82%, concedido pela 
governadora Rosalba Ciarlini aos professores ativos e inativos. A 
secretária afirma ainda que espera que a sociedade entenda que o órgão 
está preocupado com a situação do aluno e que o Sindicato dos 
professores precisa rever suas reivindicações.
Rômulo Arnaud comenta que o Rio Grande do Norte paga os piores 
salários do País para os professores e um dos mais baixos em comparação 
com os salários pagos pelos próprios municípios do Estado.
Quanto ao percentual mencionado, ele admite que houve acréscimo no 
salário e que os números apontados são verdadeiros, mas ressalta que não
 se trata de reajuste e sim de uma adequação à Lei do Piso, referente ao
 cálculo do valor custo/aluno. Nesse sentido, houve acréscimo de 19% em 
2011, 34% em 2012 e 7,89% este ano. “Nós não tivemos reajuste, nós 
tivemos adequação ao piso salarial”, afirma o coordenador regional do 
Sinte.
Fonte: Sinte/RN 
 
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