Juliano Siqueira, Maio 2014. Publicado por PT Natal
Não é o que estão pensando.
Não vou perder tempo, nem espaço (para mim tão raro), falando das
traições paroquiais. Por sinal, coisa nada original na crônica política
do RN e de Natal. E nem por isso deixam de ser algo deplorável.
Quero falar de outra coisa:
fidelidade partidária. Por enquanto, uma abertura ao debate. Essa é uma
questão inadiável. Mas, que fidelidade? Aquela restrita aos filiados e
eleitos, frente às cúpulas partidárias? Não. Queremos discutir o
fundamental: a fidelidade dos partidos aos seus respectivos programas e
elementos de organização. Tudo começa aqui, ou, então, é pura balela. O
mais, é simples consequência.
O País necessita de reforma
política? Claro que sim. De que tipo? Na resposta, os campos (governo e
oposição) se dividem.
Consideramos necessária e
urgente uma reforma política que conduza à mais democracia, ao seu
aprofundamento, na forma da República Democrática. Com isso,
logicamente, tornar-se-à possível avançar no arcabouço orgânico
partidário e no sistema do processo eleitoral.
Este é o tipo de reforma que
estamos a propor: a que torne realidade consolidada a promessa
formal-democrática inscrita na Constituição de 1988. Não o intento
conservador-reacionário que, pela via golpista do casuísmo, quer fazer
com que voltemos aos esquemas oligárquicos e excludentes do Império, da
Velha República e, mais recentemente, do regime militar.
Nesse contexto, de
moralidade e isonomia, sobre os recursos, os gastos e o enfrentamento
dos monopólios, do latifúndio, da mídia cartelizada, muito tem que ser
feito. O financiamento privado transforma candidatos e “partidos da
ordem” em objetos patrocinados por bancos e multinacionais, como João
Saldanha previu (e se consumou) para os clubes de futebol, nos anos
setenta, como já ocorria com a Fórmula 1, à época, e nos dias de hoje se
agrava. Não teremos eleição, mas disputa de marcas estranhas. Tudo,
devidamente, consagrado pelos impérios da mídia eletrônica e da
imprensa-empresa, da informação privatizada, da “liberdade de imprensa” e
extorsão da verdade, na feição de um verdadeiro “terrorismo midiático”.
Tal ocorre, em meio ao
cinismo máximo. Não há a menor intenção de vergonha. Karl Marx, século e
meio atrás, dizia que a vergonha já é quase uma revolução, um grande
passo ético, porque é uma espécie de cólera voltada contra si mesmo.
Quem espera essa atitude das chamadas elites do País?
Voltemos à questão
inicial: a fidelidade doutrinária. Quanto vale um programa de partido,
na prática política brasileira? Nada. Com exceções históricas e raras. A
‘doutrina social-democrata’ submete-se a arranjos surrealistas: PTB,
PSB, PV, PMDB, PR, juntam-se ao DEM, PSDB e, desconhecendo o paradeiro
do espólio, da massa falida, dos restos mortais, aos renegados do PPS.
No essencial, todos dançam conforme a música fúnebre do neoliberalismo,
na sua recente persona conspiratório-putschista. Refiro-me ao Rio Grande
do Norte, com principalidade. Mesmo sabendo que o espectro nacional não
carrega alentos, eivado de ciladas e medrando ilusões, inspiradas no
retrocesso sócio-econômico e político.
Assim como os eleitos
trocam de legenda, os partidos abandonam seus programas. Os partidos têm
que ser fiéis aos seus programas. No entanto, aqui, eles são fiéis ao
poder, a governos. O que podem exigir dos filiados, com ou sem mandato?
Vivemos o culto da abjuração. Uma das causas da demonização da política.
Também, uma das razões da cultura senil do apartidismo.
No caso do PT, sem
apelos ao infantilismo vanguardista, com permanente e árduo esforço
militante e organizacional, por vezes objeto de incompreensões e
resistências, vigora a observância do Programa, do Manifesto, dos
Estatutos. É visível que nós não somos, apenas, uma sigla, muito menos,
de aluguel. Talvez, por isso, mais uma vez, queiram nos isolar, cercar,
aniquilar.
Não conseguirão.
Resistiremos e, com a aliança essencial, crescente e fortalecida junto
ao povo, venceremos.
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