terça-feira, 4 de novembro de 2014

Polêmica >> Biografias não autorizadas devem entrar na pauta


O projeto, do deputado Newton Lima (PT-SP), modifica o Capítulo 2 do Código Civil, que trata dos direitos da personalidade. Pela proposta, a ausência de autorização não poderá ser usada como argumento para proibir a divulgação e a publicação de obras biográficas sobre personalidades públicas. Lima entende que as trajetórias dessas pessoas são social e historicamente significativas e que devem ser de livre ­conhecimento.

“Por sua posição de destaque em relação aos demais cidadãos, as pessoas notoriamente conhecidas verificam que suas condutas são norteadoras das decisões de diversos segmentos sociais”, explica o deputado na justificativa do projeto.

Ferraço defende a mudança da legislação. Ele entende que o Código Civil está defasado nesse ponto.
— Na interpretação atual, há uma evidente autorização para censura privada, em detrimento das liberdades constitucionais de manifestação do pensamento, da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, além do ­direito à informação — observa.

Na Câmara, o texto sofreu alterações. Foi acrescentado um dispositivo que permite aos que se sentirem ofendidos por obra já publicada recorrer a juizados especiais para excluir o trecho contestado em edições futuras. Ferraço, no entanto, é contrário ao acréscimo, do deputado — e senador eleito — Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Ferraço argumenta que cabe aos juizados especiais apenas resolver conflitos mais simples, entre os quais não estariam aqueles relativos a direitos da personalidade.

— Os litígios que decorrem da edição de obras literárias são bastante complexos e, muito provavelmente, necessitariam de produção de prova pericial, inadmissível no procedimento dos juizados — contesta.
O relator também acredita que a via judicial deixaria uma porta aberta para outro tipo de censura, o que derrotaria o propósito do projeto.

— Geraria um mecanismo de censura posterior das biografias, incompatível com a liberdade de expressão que se busca reconhecer nesse projeto — argumenta Ferraço.

Fonte: Jornal do Senado

Sem comentários:

Enviar um comentário