Tão
deprimente quanto as manifestações violentamente preconceituosas contra
nordestinos após o resultado da eleição presidencial é identificar em
muitos dos tuítes e posts raivosos o DNA da intolerância de alguns
colunistas e jornalistas.
Não se enganem, colegas. Esses crimes
virtuais cometidos por zumbis incapazes de enxergar no outro um ser
humano detentor do mesmo direito à dignidade foram alimentados por
argumentos construídos e divulgados, ao longo do tempo, por pessoas que
não se preocuparam com o resultado negativo de seus discursos. Mas,
autoproclamando-se arautos da decência, sabem que são norte intelectual
para muita gente.
Liberdade de expressão não é um direito
fundamental absoluto. Não há direitos fundamentais absolutos. Pois a
partir do momento em que alguém abusa de sua liberdade de expressão,
indo além de expor a sua opinião, espalhando o ódio e incitando à
violência, isso pode trazer consequências mais graves à vida de outras
pessoas.
Como aqui já disse, liberdade de expressão não admite
censura prévia. A lei garante que as pessoas não sejam proibidas de
dizer o que pensam. Mas também afirma que elas são responsáveis pelo
impacto causado pela divulgação de suas opiniões.
Esconder-se
atrás da justificativa da “liberdade de expressão'' para a depreciação
da dignidade humana é, portanto, a mais pura covardia.
Afinal, o
exercício das liberdades pressupõe responsabilidade. Quem não consegue
conviver com isso, não deveria nem fazer parte do debate público,
recolhendo-se junto com sua raiva e ódio ao seu cantinho.
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