Alguém saberia me explicar por que é que um Nobel da Paz e uma referência mundial do pensamento teórico consideram Lula um preso político? Me refiro ao argentino Adolfo Perez Esquivel (foto) e ao americano Noam Chomsky. O primeiro após ser impedido de visitar o ex-presidente brasileiro na prisão denunciou ao mundo que Lula é preso político. O segundo em entrevista recente à repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, afirmou que a prisão de Lula é uma injustiça e uma vingança das classes dominantes, inconformadas com as reformas do governo petista; o linguista disse que “Lula está sendo punido pelas políticas reformistas que deram um apoio muito necessário à massa da população que é reprimida”.
Veja caro leitor que estou citando duas referências mundiais que encaram a prisão de Lula como sendo extremamente de ordem política. Esquivel e Chomsky não enxergam a prisão de Lula como sendo de qualquer tipo de natureza por improbidade administrativa ou mesmo por corrupção. Ou seja, para eles preservar Lula na cadeia para a direita é condição sine quanon. Se Lula preso incomoda, imagine ele solto e com possibilidades de sair candidato novamente à Presidência da República?
O que estou dizendo se confirma com postagem feita pela jornalista daFolha, Eliane Cantanhêde, neste domingo (6) em sua coluna quando sinalizou um temor da direita: o de que o ex-presidente Lula, que vem sendo mantido como preso político em Curitiba para ser excluído das eleições presidenciais de 2018, ganhe a sua liberdade. “Tudo pode acontecer. Inclusive Lula ser solto”, diz ela, ao comentar a votação no plenário virtual da segunda turma do Supremo Tribunal Federal, que já começou na última sexta-feira (4) e terá seu resultado divulgado até o dia 10 de maio.
Pois é, como costumo dizer, cadê as provas contra Lula de corrupção que o juiz Moro diz ter? Muitos dirão: mas Barbosa, mais do que já foi apresentado? Tudo achismo e ilações, repito!
Na sentença do juiz Sérgio Moro em 12 de julho de 2017, ele afirmou: “Ainda que tardia e sem o acordo de colaboração, é forçoso reconhecer que o condenado José Adelmário Pinheiro Filho (Leo Pinheiro) contribuiu nesta ação penal para o esclarecimento da verdade, prestando depoimento e fornecendo documentos”, escreveu.
No parecer de 22 de agosto de 2017, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot afirmou: “Eventuais tratativas preliminares não interessam à defesa de qualquer acusado – aí incluído o reclamante [Lula] -, tanto porque, neste momento, ainda não se tem certeza acerca do fornecimento de informações incriminadoras, quanto pela possibilidade de que essas tratativas subsidiem a realização de diligências investigativas, das quais o sigilo seja condição necessária de exequibilidade e eficácia”.
E por falar em diligências investigativas por que é que a imprensa não teve acesso ao triplex do Guarujá? Por que é que a defesa de Lula idem, também não teve acesso ao apartamento e só agora com a invasão do MTST (Movimento dos trabalhadores Sem Teto) se provou que nunca existiu reforma lá, inclusive nem elevador privativo? A bem da verdade o apartamento 164 A, do edifício Solaris, está em nome da OAS Empreendimentos S/A, mas, desde 2010, quem detém 100% dos direitos econômico-financeiros sobre o imóvel é um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal. Isso o juiz Sérgio Moro não levou em consideração, como também não levou em consideração o que disse ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, em depoimento na CPI da JBS, via teleconferência.
Agora, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) acatou pedido da defesa do ex-presidente Lula para que o ex-advogado da Odebrecht seja incluído na tramitação do habeas corpus a favor do petista em curso no STJ (Superior Tribunal de Justiça). O recurso foi admitido pela desembargadora Maria de Fátima Freitas Labarrère, vice-presidente do TRF-4, tribunal que em 24 de janeiro elevou para doze anos e um mês de prisão a condenação do petista.
A defesa do ex-presidente alega que a oitiva se faz necessária em razão das declarações do ex-advogado da Odebrecht na CPI mista da JBS, que reuniu senadores e deputados por meses no ano passado. Os defensores de Lula argumentam que o advogado disse ao colegiado ter provas sobre adulteração de documentos em sistemas internos da Odebrecht, e que a empreiteira apresentou provas adulteradas para firmar acordo de colaboração com a Justiça.
Em 14 de dezembro do ano passado, o colegiado aprovou relatório depois de muita polêmica e troca de acusações entre oposicionistas e governistas. Na ocasião, a CPI chegou a pedir investigação dos investigadores, ou seja, do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e de seu chefe de gabinete, o também procurador da República Eduardo Pellela, mas o pedido foi retirado do texto final.
Certamente por isso é que um Nobel da Paz e uma referência mundial do pensamento teórico consideram Lula um preso político.
Fonte: http://blogdobarbosa. jor.br/
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