O pré-candidato a presidente da República pelo Psol, Guilherme Boulos, passou em Natal (foram apenas algumas horas na capital do Estado) nesta quarta-feira, 4, e aproveitou a oportunidade para externar, à imprensa local, parte do entendimento dele sobre questões políticas variadas, tanto nacional, quanto local.
No aspecto local, defendeu o fim dos espaços do que chamou de “Oligarquias que representam o atraso” e sugeriu uma mudança na forma de combate à violência no Rio Grande do Norte e em todo o País, com o ciclo fechado, onde o policial responsável pela prisão, deve também fazer a denúncia e tudo mais; e unificação e desmilitarização das polícias.
Nacionalmente, revelou que deve haver uma união entre as forças da esquerda no segundo turno e prometeu, se eleito, fazer um grande programa emergencial de obras públicas, como forma de reverter a crise econômica. Veja as análises de Boulos sobre esses temas:
POLÍTICA NO RN
Uma coisa é a imagem do Rio Grande do Norte e do seu povo. Um povo guerreiro, resistente, que lamentavelmente sofre com as desigualdades desse pais, que está machucado, mas que tem esperança e não tenho a menor dúvida que vai se posicionar ao lado da mudança.
Outra coisa são as oligarquias do estado. Essas oligarquias que representam o atraso que nós vemos aí em boa parte do Brasil. Gente que se acha dona do País, da consciência popular. Acredita que pode tratar o povo como gado, negociando, inclusive, água, na indústria da seca em troca de voto e prática clientelista.
Temos que tirar essas pessoas da política. Henrique Eduardo Alves, os Maia daqui, toda essa turma, dos vários nomes oligárquicos do Rio Grande do Norte e do Brasil. Estamos falando dos Sarney no maranhão, do Jader Barbalho no Pará.
A política que construímos e o que vamos fazer ganhando essas eleições é tirar, pela primeira vez, essas oligarquias do poder. Não queremos aliança com eles, não queremos governar com eles. Eles são adversários nossos e do Brasil.
UNIÃO DA ESQUERDA
A esquerda tem unidade em pontos fundamentais e somos defensores dessa unidade. A defesa da democracia, contra o conservadorismo, contra oportunismo como Bolsonaro; em defesa da liberdade do Lula, da justiça por Marielle. Esses pontos são chaves. Agora, existem diferenças e não dá para jogar essas diferenças para debaixo do tapete. Eu não me sinto representado, nem o PSOL, por quem não aprende a lição do que aconteceu com o Brasil, com o golpe, e continua fazendo aliança com golpista. Isso não nos representa. Unidade se constrói em torno de princípio. Se tiver um acordo que não há aliança com golpista, que nós vamos enfrentar os bancos e o sistema financeiro e nós vamos governar com a maioria do povo brasileiro, é uma coisa. Querer que a gente baixe bandeira e faça política de um jeito que já vimos que não deu certo, nós não vamos fazer.
SEGUNDO TURNO
Num segundo turno – e nós esperamos estar no segundo turno, porque nossa candidatura é para valer e o cenário dessa eleição é o mais aberto dos últimos 30 anos – qualquer candidato do campo progressista, seguramente vai ter uma unidade se houver um candidato da direita do outro lado.
SAIDA PARA A CRISE
Nenhum país do mundo saiu de crise sem investimento público. O mercado, as forças de mercado, espere sentado para ver se vão investir e gerar emprego. O temer está com essa balela faz dois anos e o desemprego só aumenta. Isso é conversa mole para dar dinheiro para banqueiro e retirar direito dos trabalhadores.
Nós vamos fazer investimento público nesse país. Em infraestrutura, saneamento básico, moradia, saúde e educação, com um programa emergencial de obras públicas para retomar o crescimento do Brasil. Com isso, recupera emprego e renda dos trabalhadores. Vamos também retomar a política de valorização do salário mínimo.
SEGURANÇA PÚBLICA
O modelo de segurança pública hoje está falido. Nós temos um modelo caro, violento e ineficaz. Basta ver os dados. As polícias brasileiras estão entre as que mais matam no mundo e as que mais morrem. E esse matar tem alvo: é a juventude negra, nas periferias, sobretudo.
Existe um verdadeiro genocídio da juventude negra. Temos um modelo que apostou na ideia da violência, da repressão. Então investe em arma, em choque, em mais polícia ostensiva. Pera lá! Vamos botar a bola no chão e olhar para trás: resolveu?
Faz 30 anos que se faz isso e só aumentou a violência no Brasil. Então, essa política de prender, bater, matar, fracassou. Serve para matar jovem negro na periferia. Vamos mudar isso, implementando o ciclo completo da polícia; desmilitarização das polícias, como na maior parte do mundo; investir em educação, construindo escolas; e investir em inteligência.
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