A pergunta que vai no título deste texto é pertinente, tendo em vista os fatos que vieram a tona nos últimos dias com revelações até então oficialmente não divulgadas.
Na semana passada, por exemplo, o WhatsApp admitiu pela primeira vez que a eleição brasileira de 2018 teve uso de envios massivos de mensagens, com sistemas automatizados contratados de empresas. A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) beneficiou-se com o disparo de fake news contra o então candidato Fernando Haddad (PT).
“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios massivos de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, afirmou Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em palestra no Festival Gabo, realizado em São Paulo.
Ressalte-se que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) veda o uso de ferramentas de automatização, como os softwares de disparo em massa.
Ainda em outubro do ano passado, portanto, há exatamente um ano, o TSE recebeu denúncia para investigar a campanha de Bolsonaro. As informações revelavam que havia fortes indícios de que empresários teriam financiado produção de notícias falsas contra PT.
As compras dos pacotes de disparos foram todas realizadas por empresários abertamente apoiadores de Boslonaro, entre os quais Luciano Hang, dono da Havan. Tais condutas revelam três tipos de crime eleitoral: doação de pessoa jurídica, utilização de perfis falsos para propaganda eleitoral e compra irregular de cadastros de usuários.
Isso demonstra nítida prática de abuso de poder econômico para causar desequilíbrio nas eleições, o que de fato ocorreu.
Agora o WhatsApp confirma as denúncias.
Dias atrás a Folha de S. Paulo divulgou uma planilha e um relato que implicam o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, no laranjal do PSL e dão indícios de que também a campanha de Jair Bolsonaro pode ter recebido recursos desviados do laranjal do PSL.
Os depoimentos levados ao conhecimento da Polícia Federal fazem parte de um inquérito e agora está com a Promotoria e com a Justiça de Minas, que decretou segredo de Justiça sobre o caso.
Não a toa a briga de comadres instalada por Bolsonaro no tal de PSL – Partido Social Liberal, que não é social nem liberal – para ver quem fica com o butim partidário tem tudo a ver com caixa 2. É dinheiro, caro leitor, muito dinheiro pra financiar campanhas eleitorais.
E aí, pra finalizar, cabe novamente a pergunta: o que tá faltando para o TSE cassar a chapa Bolsonaro/Mourão? Esperar os dois anos de governo e cassar apenas Bolsonaro e dar posse ao general Mourão, como fizeram com Dilma?
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