Por Catherine Hornby - do Portal Terra
ROMA, 11 Mai (Reuters) - O Comitê Mundial de Segurança Alimentar, da
FAO, aprovou nesta sexta-feira novas diretrizes sobre o uso da terra a
fim de proteger os pobres e combater a fome, mas grupos de ajuda
humanitária, no entanto, disseram que elas são muito fracas para conter a
apropriação de extensas porções de terra pelas grandes empresas nos
países subdesenvolvidos.
As diretrizes, que têm o apoio da Organização das Nações Unidas
(ONU), vinham sendo elaboradas há três anos, motivadas pela preocupação
de que países como China e Estados árabes do Golfo Pérsico e
investidores privados estejam comprando terra na África e na Ásia para a
garantia de recursos às custas da população local.
"O que mais falta em termos de apropriação de terra é uma condenação
clara a essa prática. Essa era uma das demandas básicas da sociedade
civil", disse à Reuters Stephane Parmentier, da agência de ajuda
humanitária Oxfam.
"Foi impossível incluir isso, porque era muito delicado e polêmico para diversos Estados membros."
O código de conduta voluntário promove direitos iguais para as
mulheres na garantia da propriedade da terra e diz que os Estados devem
garantir que as pessoas pobres tenham acesso a um arquivo transparente e
a uma assessoria jurídica durante disputas de terra.
Ele afirmou que as diretrizes devem promover revisões na legislação internacional e nas leis nacionais.
Os grupos de ajuda humanitária afirmaram que o texto poderia ser uma
referência útil para se fazer campanhas em nome das comunidades rurais,
mas é muito fraco para proteger os direitos dos pequenos agricultores em
meio às aquisições de terra em larga escala.
Uma alta nos preços dos alimentos em 2007 e 2008 deflagrou uma onda
de acordos relacionados à propriedade de terra, enquanto países
importadores de alimentos e grandes empresas da área de agricultura
tentavam garantir seu abastecimento e se proteger da instabilidade nos
preços.
Noventa e seis países trabalharam com grupos não-governamentais, com a
ONU e organismos do setor privado na redação das diretrizes.
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