terça-feira, 10 de setembro de 2013

Uso da internet requer cautela

Número crescente de internautas e diversificação de serviços ampliam as ameaças à privacidade dos usuários, sujeitos a diversas modalidades de rastreamento, análise e cruzamento de informações e ainda desamparados por legislação específica
André Falcao

A internet está cada vez mais presente na vida dos brasileiros. De acordo com estimativas do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 50% da população do país já tem acesso à internet em 2013. Para a maior parte desses usuários, ficou difícil imaginar o dia a dia sem as facilidades e as oportunidades trazidas pelos serviços de internet, como fazer transações bancárias, enviar declarações de imposto, ler notícias, fazer compras diversas, ver a programação do cinema, encontrar um restaurante, fazer pesquisas escolares, jogar, se comunicar com amigos e familiares, entre tantas outras.

O mesmo se dá com relação às instituições públicas, que vêm tirando proveito da internet para dar mais transparência aos processos de gestão e aumentar a participação do cidadão na vida pública, a exemplo do Portal e-Cidadania, do Senado Federal.

O crescimento da internet, no entanto, traz consigo o aumento dos riscos à segurança e à privacidade inerentes à configuração da rede mundial. Computadores pessoais ou grandes redes corporativas podem ser alvo de ataques maliciosos com diversas origens e finalidades.
Cristine Hoepers, gerente de Segurança do Centro de ­Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), ligado ao CGI.br, lembra que um usuário de internet que venha a ter o ­computador comprometido pode enfrentar problemas como invasão de privacidade, furto de identidade, vazamento de informações, perda de dados e perdas financeiras.

O comitê gestor elaborou uma cartilha, disponível no site da instituição (veja o Saiba Mais), contendo as principais ameaças ao usuário de internet e ­sugestões de medidas para preservar a segurança e a ­privacidade.

Um dos conceitos apresentados na cartilha é que o principal risco no uso da rede é acreditar que não há riscos ou supor que o próprio computador não desperta interesse de ações maliciosas ou criminosas. Os atacantes procuram ter acesso a grandes quantidades de computadores e fazem varreduras na rede para localizar qualquer um vulnerável.

— O computador comprometido pode ser usado para atividades como disseminar spam (mensagens de e-mail não solicitadas), aplicar golpes em outros usuários, servir de repositório para dados fraudulentos e ainda infectar, invadir e atacar outros computadores — explica Cristine Hoepers.

Segundo orientações dos especialistas do CGI.br, é importante que o usuário tenha as mesmas preocupações e precauções que toma na vida real, como escolher lojas confiáveis para comprar, não repassar informações a estranhos e não expor informações sensíveis, como senhas de banco ou números de cartões de crédito.

Uso de dados
Mas se as medidas pessoais podem aumentar a segurança do usuário, há outras ameaças que fogem ao seu controle e que estão sendo tratadas na elaboração de um marco regulatório específico para a internet (veja matéria abaixo).

Em 2012, o CGI.br editou uma resolução em que declara que alguns sistemas de monitoramento utilizados por provedores prejudicam a privacidade do internauta e violam princípios para governança e uso da internet no Brasil. A finalidade é oferecer publicidade dirigida aos interesses do usuário, avaliado pelos assuntos que ele procura ao navegar.

O monitoramento, no ­entanto, nem sempre é apresentado de forma clara ao internauta. Já a oferta de conteúdo personalizada pode criar problemas principalmente em computadores utilizados por adultos e crianças, pois os menores podem ser expostos a conteúdos impróprios.

Além dos provedores, os sites que coletam informações de uso para oferecer funcionalidades como carrinhos de compra e listas de produtos em sites de comércio eletrônico podem compartilhar indevidamente essas informações com outros sites, construindo um perfil de consumo do usuário.

A proposta de marco regulatório da internet (veja matéria), construída a partir resolução do CGI.br, traz a preservação à privacidade como um dos pilares. Isso estaria de acordo com a necessidade de o indivíduo manter o controle sobre as informações que lhe dizem respeito, seja para proteger a vida íntima, seja para evitar o uso não consentido de dados por terceiros ou ainda para se proteger de vigilância indevida por instutuições privadas ou pelo próprio Estado.

O debate sobre a regulamentação da internet se tornou mais urgente depois da revelação de práticas de espionagem eletrônica feita pelos Estados Unidos no Brasil, o que motivou a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o tema (veja matéria).

Jornal do Senado

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