Número crescente de internautas e diversificação de
 serviços ampliam as ameaças à privacidade dos usuários, sujeitos a 
diversas modalidades de rastreamento, análise e cruzamento de 
informações e ainda desamparados por legislação específica
André Falcao
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A internet está cada vez mais presente na vida dos brasileiros. De 
acordo com estimativas do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 
50% da população do país já tem acesso à internet em 2013. Para a maior 
parte desses usuários, ficou difícil imaginar o dia a dia sem as 
facilidades e as oportunidades trazidas pelos serviços de internet, como
 fazer transações bancárias, enviar declarações de imposto, ler 
notícias, fazer compras diversas, ver a programação do cinema, encontrar
 um restaurante, fazer pesquisas escolares, jogar, se comunicar com 
amigos e familiares, entre tantas outras.
O mesmo se dá com relação às instituições públicas, que vêm tirando 
proveito da internet para dar mais transparência aos processos de gestão
 e aumentar a participação do cidadão na vida pública, a exemplo do 
Portal e-Cidadania, do Senado Federal.
O crescimento da internet, no entanto, traz consigo o aumento dos 
riscos à segurança e à privacidade inerentes à configuração da rede 
mundial. Computadores pessoais ou grandes redes corporativas podem ser 
alvo de ataques maliciosos com diversas origens e finalidades.
Cristine Hoepers, gerente de Segurança do Centro de Estudos, 
Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), 
ligado ao CGI.br, lembra que um usuário de internet que venha a ter o 
computador comprometido pode enfrentar problemas como invasão de 
privacidade, furto de identidade, vazamento de informações, perda de 
dados e perdas financeiras.
O comitê gestor elaborou uma cartilha, disponível no site da 
instituição (veja o Saiba Mais), contendo as principais ameaças ao 
usuário de internet e sugestões de medidas para preservar a segurança e
 a privacidade. 
Um dos conceitos apresentados na cartilha é que o 
principal risco no uso da rede é acreditar que não há riscos ou supor 
que o próprio computador não desperta interesse de ações maliciosas ou 
criminosas. Os atacantes procuram ter acesso a grandes quantidades de 
computadores e fazem varreduras na rede para localizar qualquer um 
vulnerável.
— O computador comprometido pode ser usado para atividades como 
disseminar spam (mensagens de e-mail não solicitadas), aplicar golpes em
 outros usuários, servir de repositório para dados fraudulentos e ainda 
infectar, invadir e atacar outros computadores — explica Cristine 
Hoepers.
Segundo orientações dos especialistas do CGI.br, é importante que o 
usuário tenha as mesmas preocupações e precauções que toma na vida real,
 como escolher lojas confiáveis para comprar, não repassar informações a
 estranhos e não expor informações sensíveis, como senhas de banco ou 
números de cartões de crédito.
Uso de dados
Mas se as medidas pessoais podem aumentar a segurança do usuário, há 
outras ameaças que fogem ao seu controle e que estão sendo tratadas na 
elaboração de um marco regulatório específico para a internet (veja 
matéria abaixo).
Em 2012, o CGI.br editou uma resolução em que declara que alguns 
sistemas de monitoramento utilizados por provedores prejudicam a 
privacidade do internauta e violam princípios para governança e uso da 
internet no Brasil. A finalidade é oferecer publicidade dirigida aos 
interesses do usuário, avaliado pelos assuntos que ele procura ao 
navegar.
O monitoramento, no entanto, nem sempre é apresentado de forma clara
 ao internauta. Já a oferta de conteúdo personalizada pode criar 
problemas principalmente em computadores utilizados por adultos e 
crianças, pois os menores podem ser expostos a conteúdos impróprios.
Além dos provedores, os sites que coletam informações de uso para 
oferecer funcionalidades como carrinhos de compra e listas de produtos 
em sites de comércio eletrônico podem compartilhar indevidamente essas 
informações com outros sites, construindo um perfil de consumo do 
usuário.
A proposta de marco regulatório da internet (veja matéria),
 construída a partir resolução do CGI.br, traz a preservação à 
privacidade como um dos pilares. Isso estaria de acordo com a 
necessidade de o indivíduo manter o controle sobre as informações que 
lhe dizem respeito, seja para proteger a vida íntima, seja para evitar o
 uso não consentido de dados por terceiros ou ainda para se proteger de 
vigilância indevida por instutuições privadas ou pelo próprio Estado.
O debate sobre a regulamentação da internet se tornou mais urgente 
depois da revelação de práticas de espionagem eletrônica feita pelos 
Estados Unidos no Brasil, o que motivou a criação de uma comissão 
parlamentar de inquérito (CPI) sobre o tema (veja matéria).
Jornal do Senado
 
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