A
cena inusitada e monocromática seria surreal se não estivesse tão
impregnada de cotidiano. Apesar de destoar em meio ao colorido da
decoração natalina, ela (a cena) está em ‘perfeita’ sintonia com o
contexto de festas e compras do período. Apresentada no início da tarde
de segunda-feira, entre às 13h e 15h, nas imediações (e dentro) do
Shopping Midway Mall, a performance “Cegos” refletiu de forma crítica e
contundente o padrão de comportamento da sociedade e a cegueira que o
consumo provoca nas pessoas. Ou seriam apenas clientes sem vontade
própria, escravizados pelo mercado? Essa foi a intenção: provocar
reflexões!
A
intervenção artístico-urbana criada por Marcos Bulhões e Marcelo Denny,
ambos professores do curso de teatro na Escola de Comunicação e Artes
(ECA/USP), levou um ‘exército’ de 40 pessoas, homens e mulheres bem
vestidos, devidamente vendadas e munidas com suas sacolas de compras.
Durante mais de duas horas, esses ‘cegos’ passearam tranquilamente entre
pedestres, carros e clientes do centro comercial, sempre perseguidos
por um batalhão de fotógrafos e curiosos: “Valha-me!”, disseram uns;
“que coisa macabra” disse outro; “isso deve ser uma ação de marketing”,
arriscou um terceiro.
Enquanto os atuadores babavam, deslumbrados com as vitrines, aplausos – ora isolados ora compartilhados – quebravam o silêncio ensurdecedor do grupo. Inclusive, na verdade, o aplauso pode ser entendido como uma forma de extravasar a concordância com a crítica.
“É algum protesto?”, perguntavam; “parece Os Cão da Redinha”, comparavam. “Não estou entendendo nada!”, declarou uma senhora baixinho, logo advertida por outro espectador: “Deve ter alguma coisa a ver com consumismo”. O fato é que foi difícil ficar alheio à performance “Cegos”.
A atividade faz parte da programação do Seminário Internacional Corpos Diferenciados na Arte Contemporânea, que segue até a próxima quarta-feira (11). Informações: 9975-4161 e artecruor.com.
Enquanto os atuadores babavam, deslumbrados com as vitrines, aplausos – ora isolados ora compartilhados – quebravam o silêncio ensurdecedor do grupo. Inclusive, na verdade, o aplauso pode ser entendido como uma forma de extravasar a concordância com a crítica.
“É algum protesto?”, perguntavam; “parece Os Cão da Redinha”, comparavam. “Não estou entendendo nada!”, declarou uma senhora baixinho, logo advertida por outro espectador: “Deve ter alguma coisa a ver com consumismo”. O fato é que foi difícil ficar alheio à performance “Cegos”.
A atividade faz parte da programação do Seminário Internacional Corpos Diferenciados na Arte Contemporânea, que segue até a próxima quarta-feira (11). Informações: 9975-4161 e artecruor.com.
Fonte: Jornal Tribuna do Norte
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