domingo, 23 de março de 2014

Meio ambiente e Saúde >> Nitrato ainda é problema grave na água consumida pelos natalenses

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Vigilância Ambiental da Prefeitura diz que Caern precisa se modernizar

Fonte: jornal de Hoje

Neste sábado (22), Dia Mundial da Água, para o setor de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) o maior presente dos consumidores de água da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) seria a melhoria no sistema de tratamento e abastecimento d´água. O alerta parte de dados do próprio setor de Vigilância em Saúde Ambiental do Município, que mostram uma água de qualidade ruim, principalmente, nos bairros periféricos.

Além disso, o chefe do setor, Marcílio Xavier, sugere que a empresa se modernize em nome da saúde de seus clientes. “A estação do Jiqui foi construída nos anos 60 e precisa ser modernizada. Em Felipe Camarão, a população é abastecida através de três poços. Esse tipo de ligação não é boa para a rede”, criticou.

Durante esta semana, a SMS realizou um série de eventos para debater e apresentar a real situação da água para moradores de bairros da cidade. Em Felipe Camarão, o ciclo de palestras ocorreu na Escola Municipal Djalma Maranhão e foi aberto para a comunidade em geral.

Com cerca de 70 mil habitantes, o bairro Felipe Camarão, na zona Oeste da cidade, foi escolhido porque está em segundo lugar no ranking dos casos de diarreia em 2013, com 1522 registros. O bairro de Nossa Senhora da Apresentação, zona Norte de Natal, é o campeão em incidência de disenteria na população com 1529 casos durante o ano passado.

Segundo Marcílio Xavier, todos os indícios apontam que a água seja a vilã dessa história. “A Organização Mundial da Saúde diz que 80% das doenças mundiais são causadas pela contaminação da água potável”, afirmou.

Também corroboram com isso, o resultado de amostras d’água feitas no bairro de Felipe Camarão entre os anos de 2005 e 2013: de 153 análises, 56 estavam foram dos padrões aceitáveis. Isso significa que em torno de 30% do total das amostras estavam sem a presença de cloro e com nitrato acima do nível de segurança para a saúde humana. Vale lembrar que o nitrato consumido acima de níveis normais, pode causar câncer ao longo da vida. De acordo com a técnica da secretaria Denise Oliveira, o cloro precisa ficar em contato com a água pelo menos durante 30 minutos, mas as análises indicam que nem isso aconteceu em 1/3 das amostras do bairro.

“O problema do nitrato foi resolvido em grande parte de Natal, mas não em todos os bairros”, esclareceu Xavier. Além de Felipe Camarão, a qualidade da água dos bairros de Nossa Senhora da Apresentação, Pajuçara, Potengi e Salinas também preocupa as autoridades da Saúde municipal. Apesar da constatação da baixa qualidade, o setor não possui poder punitivo. Por enquanto a Agência Reguladora de Saneamento Básico de Natal (ARSBAN) é a fiscalizadora oficial do contrato de concessão da Caern.

O presidente do Conselho Comunitário do Bairro, Pedro Fagundes, diz que é normal faltar água principalmente nas partes mais altas. “Essa problemática começou de 2013 pra cá”. Apesar disso, a justificativa da Caern para a falta de água na zona Oeste de Natal são as recentes obras de mobilidade urbana da Prefeitura que, por vezes, interferem nas tubulações. A companhia faz questão de lembrar que o sistema é interligado e que por isso se houver uma interrupção na zona Sul o abastecimento da zona Oeste também pode ficar comprometido.

A dona de casa Elizängela Mata da Silva diz que ela e seu filho já tiveram diarreia e desconfia fortemente que o motivo seja da água. “Aqui falta água pela manhã, e quando chega, vem com um cheiro muito forte”, reclamou. “A maioria das pessoas compram água mineral porque não confiam. Pode ser o mais pobre, mesmo assim compra”, acrescentou o presidente do Conselho Comunitário.

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