Vigilância Ambiental da Prefeitura diz que Caern precisa se modernizar
Fonte: jornal de Hoje
Neste sábado (22), Dia Mundial da Água, para o setor de Vigilância em
Saúde Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) o maior presente
dos consumidores de água da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande
do Norte (Caern) seria a melhoria no sistema de tratamento e
abastecimento d´água. O alerta parte de dados do próprio setor de
Vigilância em Saúde Ambiental do Município, que mostram uma água de
qualidade ruim, principalmente, nos bairros periféricos.
Além disso, o chefe do setor, Marcílio Xavier, sugere que a empresa
se modernize em nome da saúde de seus clientes. “A estação do Jiqui foi
construída nos anos 60 e precisa ser modernizada. Em Felipe Camarão, a
população é abastecida através de três poços. Esse tipo de ligação não é
boa para a rede”, criticou.
Durante esta semana, a SMS realizou um série de eventos para debater e
apresentar a real situação da água para moradores de bairros da cidade.
Em Felipe Camarão, o ciclo de palestras ocorreu na Escola Municipal
Djalma Maranhão e foi aberto para a comunidade em geral.
Com cerca de 70 mil habitantes, o bairro Felipe Camarão, na zona
Oeste da cidade, foi escolhido porque está em segundo lugar no ranking
dos casos de diarreia em 2013, com 1522 registros. O bairro de Nossa
Senhora da Apresentação, zona Norte de Natal, é o campeão em incidência
de disenteria na população com 1529 casos durante o ano passado.
Segundo Marcílio Xavier, todos os indícios apontam que a água seja a
vilã dessa história. “A Organização Mundial da Saúde diz que 80% das
doenças mundiais são causadas pela contaminação da água potável”,
afirmou.
Também corroboram com isso, o resultado de amostras d’água feitas no
bairro de Felipe Camarão entre os anos de 2005 e 2013: de 153 análises,
56 estavam foram dos padrões aceitáveis. Isso significa que em torno de
30% do total das amostras estavam sem a presença de cloro e com nitrato
acima do nível de segurança para a saúde humana. Vale lembrar que o
nitrato consumido acima de níveis normais, pode causar câncer ao longo
da vida. De acordo com a técnica da secretaria Denise Oliveira, o cloro
precisa ficar em contato com a água pelo menos durante 30 minutos, mas
as análises indicam que nem isso aconteceu em 1/3 das amostras do
bairro.
“O problema do nitrato foi resolvido em grande parte de Natal, mas
não em todos os bairros”, esclareceu Xavier. Além de Felipe Camarão, a
qualidade da água dos bairros de Nossa Senhora da Apresentação,
Pajuçara, Potengi e Salinas também preocupa as autoridades da Saúde
municipal. Apesar da constatação da baixa qualidade, o setor não possui
poder punitivo. Por enquanto a Agência Reguladora de Saneamento Básico
de Natal (ARSBAN) é a fiscalizadora oficial do contrato de concessão da
Caern.
O presidente do Conselho Comunitário do Bairro, Pedro Fagundes, diz
que é normal faltar água principalmente nas partes mais altas. “Essa
problemática começou de 2013 pra cá”. Apesar disso, a justificativa da
Caern para a falta de água na zona Oeste de Natal são as recentes obras
de mobilidade urbana da Prefeitura que, por vezes, interferem nas
tubulações. A companhia faz questão de lembrar que o sistema é
interligado e que por isso se houver uma interrupção na zona Sul o
abastecimento da zona Oeste também pode ficar comprometido.
A dona de casa Elizängela Mata da Silva diz que ela e seu filho já
tiveram diarreia e desconfia fortemente que o motivo seja da água. “Aqui
falta água pela manhã, e quando chega, vem com um cheiro muito forte”,
reclamou. “A maioria das pessoas compram água mineral porque não
confiam. Pode ser o mais pobre, mesmo assim compra”, acrescentou o
presidente do Conselho Comunitário.
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