sexta-feira, 11 de abril de 2014

Avanços tecnológicos mudarão vida humana e trarão novos dilemas éticos, diz cientista


C&T

Cientista venezuelano falou aos senadores sobre as mudanças que a ciência provocará nos próximos 20 anos, como o fim das doenças

Um futuro sem doenças e sem envelhecimento; um mundo sem lixo ou poluição; computadores comandados pelo pensamento e o domínio da inteligência artificial. As previsões são do cientista venezuelano José Luis Cordeiro, convidado da audiência pública sobre as novas fronteiras do conhecimento promovida ontem pela Comissão de Educação (CE).
— Nos próximos 20 anos haverá mais mudanças que nos últimos 2 mil anos. Vamos viver um período incrível da civilização humana — afirmou Cordeiro, professor da Singularity University, uma parceria da Nasa (a agência espacial americana) com o Google, conhecida como universidade do futuro.

A instituição fica no campus da Nasa no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), onde estão as principais empresas de tecnologia do mundo. Entre os temas em debate, se destacam a nanotecnologia, a biotecnologia e a robótica, consideradas as áreas responsáveis pelas descobertas mais recentes e pelos avanços mais importantes nas novas fronteiras do conhecimento humano.

O professor também apresentou o conceito de “singularidade tecnológica”, o momento no qual a inteligência artificial vai alcançar a inteligência humana, estimado entre os anos 2029 e 2045.

Imortalidade
Entre as consequências das inovações, estaria o fim das doenças, do envelhecimento e até da morte. Ele prevê que em cinco anos todas as pessoas poderão, a baixo custo, sequenciar o próprio genoma, descobrir os principais riscos de doenças e evitá-las. A medicina deixará de ser curativa, para ser preventiva.

Nas palavras de Cordeiro, será uma ciência exata, que permitirá ainda o controle do envelhecimento. Em laboratório, os cientistas já conseguem criar ratos que vivem três vezes mais que a sua expectativa de vida normal, que é de um ano e meio. Será possível ao homem viver com qualidade e chegar aos 100 anos com idade biológica de 20 anos. — Será a morte da morte. Envelhecer, assim como morrer, será uma opção — enfatizou o palestrante.

O que há 30 anos parecia ficção, hoje é realidade. Os computadores pessoais, a rede mundial e os smartphones são um exemplo da rapidez nas mudanças, lembrou o professor. Mesmo assim, alertou, tudo isso estará obsoleto em poucos anos.

Os computadores começam a ser controlados pela transmissão do pensamento com os mesmos impulsos elétricos que podem mover o braço de um robô; já iniciamos o caminho para a criação de cérebros artificiais equivalentes aos cérebros humanos, com projetos em andamento no Japão, na Europa e nos Estados Unidos.

A nova neurociência, que une cérebro e máquinas, com destaque para o pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis, aperfeiçoa a conexão com os robôs, que em 15 anos terão muitas das características humanas.

Os benefícios são variados. Graças a essa tecnologia, um tetraplégico dará o pontapé inicial na abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014, usando uma veste robótica controlada pelo pensamento. E em 2016, na Suíça, será realizada a primeira olimpíada para atletas ciborgues, em que os competidores controlarão um avatar por meio de um computador conectado ao cérebro.

Na opinião do palestrante, a formulação de políticas para as novas gerações deve levar em conta as questões éticas, políticas e legais, “porque essas tecnologias vão mudar os humanos”, concluiu.

Jornal do Senado
(Reprodução autorizada mediante citação do Jornal do Senado)

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