Para
muitas pessoas, o álcool é um tipo de droga menos nociva e até casual. O
alcoolismo, por sua vez, não é assimilado como uma doença por grande
maioria da população, que prefere taxar o dependente do álcool como
alguém passível de recuperação a qualquer momento. Porém, para a
Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é uma patologia nociva à vida e
que mata mais de três milhões de pessoas por ano em todo o mundo.
No
Rio Grande do Norte, os Alcoólicos Anônimos (AA) completam amanhã 39
anos. Durante décadas, os grupos existentes em Mossoró participaram
ativamente de uma diversidade de histórias de superação de dependentes
químicos, que começaram uma nova vida a partir do esforço e coragem de
membros da instituição.
De acordo com P.A.C. (os nomes dos membros do
AA precisam ser mantidos em sigilo, por respeito às regras da
organização), que é um dos organizadores do AA em Mossoró, comenta que o
trabalho da instituição é fruto do voluntariado e da opção dos próprios
membros de lutar contra a doença. Ele ressalta que por anos viveu
afundado em meio ao vício, e graças ao AA conseguiu reconstruir sua vida
com muito esforço.
"Eu vivi por muitos anos refém da bebida, bebia
um dia sim, um dia não, mas estava sempre sob os efeitos do álcool. Eu
chegava a ponto de desmaiar, de apagar todos as lembranças das noites na
bebedeira. Hoje estou há 21 anos sóbrio, nunca mais encostei em uma
gota de bebidas alcoólicas", comenta.
Entre os membros do AA de
Mossoró, novos membros também mostram que a busca pela recuperação do
vício não tem idade. Para N. P.Q, de 47 anos e que somente há dois meses
integra o quadro de dependentes que buscam a reabilitação, comenta que
decidiu por conta própria se internar. "Eu bebia todos os dias e de
repente percebi como estava me destruindo e destruindo minha família.
Recebi apoio dos companheiros do AA e estou há dois sem consumir nenhuma
bebida alcoólica", ressalta
B.N.A. conta que sua história com o AA
envolvia outro drama que agravava sua situação: o vício em outros tipos
de drogas. "Eu era dependente químico e alcoólatra, e na primeira vez
que entrei no AA passei apenas três meses sóbrio, com a recaída me
afastei dos encontros e passei longo tempo imerso nas drogas novamente.
Um dia por acaso resolvi voltar às reuniões. Estou há 11 anos longe do
álcool e também das drogas graças ao AA", comenta.
Outro exemplo
interessante do trabalho do AA é o trabalho acompanhando mulheres
alcoólatras. Por mais que não seja tão comum encontrar casos de mulheres
alcoólatras como de homens, estudos do Ministério da Saúde apontam que o
número de mulheres que se utilizam e são dependentes do álcool tem
aumentado rapidamente nos últimos anos.
F.F. comenta que começou a
beber ainda na adolescência, incentivada por parentes. Ela conta que se
casou com um alcoólatra e caiu de vez na dependência, o que influenciou
diretamente seus dois filhos, também dependentes.
"Eu e minha família
chegamos ao fundo do poço, eu tentei parar de beber por conta própria,
mas cai em profunda depressão, foi aí que conheci o AA. Nas primeiras
tentativas ainda tive três recaídas, mas levei meu marido para a
organização e ele rapidamente se adaptou. Hoje, estou há três anos sem
beber, assim como meu marido, e agora um dos nossos filhos também está
participando da reunião. Este foi nosso recomeço", ressalta emocionada
F.F.
Encontro apresenta trabalho do AA no RN
Acontece
amanhã, na Escola de Artes de Mossoró, o Seminário do Comitê
Trabalhando com os Outros (CTO), que comemora os 39 anos do grupo
Alcoólicos Anônimos (AA) no Rio Grande do Norte e o trabalho de
voluntários como mola propulsora da instituição. De acordo com os
organizadores, o evento acontece a partir das 8h, sem nenhuma taxa de
inscrição.
O seminário terá apresentação de palestras com temáticas
voltadas para a recuperação do dependente alcoólico e a importância da
mensagem transmitida pelos voluntários do AA, com responsabilidade e
serenidades necessárias para que possam incidir em verdadeiras mudanças
na vida dos dependentes.
De acordo com os organizadores, o evento acontece todos os anos em alguma cidade do Estado e é totalmente custeado pelos próprios membros do AA, sem nenhuma oneração para participantes. Eles ressaltam que a vontade de beber não passa instantaneamente para os dependentes e que atividades como essa são importantes para ajudar no tratamento e na recuperação dos membros.
De acordo com os organizadores, o evento acontece todos os anos em alguma cidade do Estado e é totalmente custeado pelos próprios membros do AA, sem nenhuma oneração para participantes. Eles ressaltam que a vontade de beber não passa instantaneamente para os dependentes e que atividades como essa são importantes para ajudar no tratamento e na recuperação dos membros.
"A
importância de eventos como esse é o de conhecer o que é o alcoolismo,
como ele reage no corpo humano, porque é uma doença tão nociva e tão
pouco conhecida. Queremos mostrar caminhos para ajudar na recuperação
destes companheiros. São maneiras de ajudá-los a viver sem o álcool",
comenta P.A.C., um dos organizadores do evento.
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