segunda-feira, 21 de julho de 2014

Paulo Freire em cordel >> obra do educador é reunida em livro

Paulo Freire é considerado o patrono da educação brasileira – Foto Cedida
A obra do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, agora é tema de diversos cordéis reunidos no livro Paulo Freire em cordel, lançado pelo professor Hailton Mangabeira, mês passado.

Segundo o educador, a ideia de publicar o livro sobre Paulo Freire nasceu da necessidade de reunir textos próprios e de alguns, com o intuito de propiciar aos leitores um pouco da vida e da obra deste educador numa linguagem diferente. “É uma alegria escrever sobre ele. Participamos, por todo o País, de eventos com a temática Paulo Freire. Já havia publicado seis cordéis voltados para a vida, obra e os seus desdobramentos para a sociedade. De certa forma, havia uma cobrança natural para este sentido do livro, pois já são 122 cordéis e dois filmes produzidos, então o livro seria a continuidade do trabalho”, salienta Hailton Mangabeira.

De acordo com ele, Paulo Freire representa um marco exponencial na história da educação brasileira. Não é à toa que recebeu mais de 40 títulos de Doutor Honoris Causa, em várias universidades no Brasil e exterior, entre elas, dos Estados Unidos, na Universidade de Harvard, que foi uma das universidades onde Paulo Freire lecionou durante o período do Regime Militar em que estava exilado do Brasil pelo fato de alfabetizar pessoas. “Diante da grandiosidade do legado de Paulo Freire, o governo brasileiro, através da Lei nº 12.612 do dia 13 de abril de 2012 e publicada no DOU no dia 16/04/2012, foi declarado Patrono da Educação Brasileira. Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à educação e, especialmente, ao Rio Grande do Norte, o Governo do Estado, através do decreto Nº 23.323, de 27 de março de 2013 instituiu o ano de 2013 como Ano Paulo Freire da Educação do Rio Grande do Norte”, explica o educador.
Para ele, uma das principais contribuições de Paulo Freire é a forma “como devemos nos posicionar, enquanto educadores e cidadãos, em relação aos educandos e à nossa maneira de como proceder na prática pedagógica, tendo foco inicial no universo do aluno e a sua participação no mundo. Nesse sentido, a presença dele em Angicos foi emblemática. Angicos foi epicentro do trabalho de alfabetização que chamou a atenção do mundo em 1963 desenvolvido por Paulo Freire e sua equipe. O trabalho, que ficou conhecido com “As quarenta horas de Angicos”, alfabetizou 300 adultos… Alfabetizar e politizar. É preciso lembrar que naquela época só votada quem era alfabetizado, e 300 votantes podia desequilibrar toda a situação política local”, salienta.

A PAIXÃO PELA EDUCAÇÃO E O LIVRO
A paixão pela educação surgiu a partir da própria família. “Minha mãe era educadora e foi quem despertou em mim essa paixão, não só por Paulo Freire, mas também pela literatura de cordel. Não basta apenas admirar, ler ou discutir Paulo Freire, é preciso vivenciar, pôr em prática e minha mãe fazia exatamente isso. Hoje, recebo incentivo constante do grupo de pesquisa GELFOPIS – Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Profissional, Linguagens, Formação Docente e Inclusão Social do IFRN, ao qual sou vinculado ao CNPQ, que tem como líder do grupo a professora-doutora Andrezza Tavares e que criou a linha de pesquisa: Paulo Freire e a literatura de cordel. Além do grupo, temos apoio institucional do Instituto Paulo Freire, de São Paulo”, explica.

CRÍTICA
Para o professor Marcos José Castro Guerra, escolas e universidades, comunicadores e professores, dispõem nestes simples folhetos, de uma porta de entrada para incentivar as necessárias mudanças do sistema educativo. “Novos valores e novas formas poderiam vir a dar prioridade ao aprender – como aprendem os brasileiros. E por um momento mudar o foco, hoje preocupado exclusivamente no ensinar – como ensinar aos brasileiros. Os folhetos atingem o coração, e não só a inteligência do povo. Dispõem de um poder de difusão que antecedeu novos meios de comunicação de massa, hoje expandidos com o uso quase generalizado de telefones celulares, que derrubam as fronteiras para a comunicação oral”, frisa.

Já a professora e poetisa Maria Luzinete Dantas salienta que o poeta Mangabeira, em seu livro Paulo Freire em cordel, “reforça a importância do legado do escritor homenageado para o crescimento da educação popular, pois Freire não se limitou apenas a falar e escrever, mas procurou colocar em prática uma forma inovadora de ensinar e aprender, a partir de conhecimentos concretos do cotidiano dos alunos”.

Obra fará parte do II Seminário Paulo Freire
Hailton diz que é muito difícil fazer cultura no Brasil e no RN não seria diferente, mas ele não faz dessa dificuldade um entrave para a produção. “Vou escrevendo independentemente de apoio. Já são 122 cordéis produzidos e publicados, e em poucos tive apoio. Mas tenho certeza que seria numa amplitude muito maior se tivéssemos apoio para a produção e divulgação desses trabalhos. No entanto, existem algumas instituições que muito nos apoia, como o IFRN – Campus Central e IFRN – Campus Cidade Alta. Também destaco especialmente A Casa do Empresário de Macaíba, na pessoa de Luiz Lacerda, que tem dado uma contribuição preciosa aos artistas locais, tanto na produção quanto nos eventos”, destaca.

Para o autor, é quase impossível mensurar o alcance de uma obra literária. “Não podemos mensurar, quando estamos escrevendo, o alcance da obra, mas tenho convicção que o nosso trabalho alcançará uma visibilidade interessante nas universidades do Brasil e exterior. Faz um enorme bem receber elogios sobre o trabalho, que conta também com o incentivo de outros cordelistas amigos, como Boquinha de Mel, Crispiniano Neto e Luzinete Dantas. Além de contar com o prefácio de Nita Freire (esposa de Paulo Freire), a orelha por Lutgardes Freire (filho de Paulo Freire) e a quarta capa por Moacir Gadotti”, diz.

Ele explica que o lançamento oficial da obra acontecerá em Macaíba durante o II Seminário Paulo Freire, nos dias 29, 30 e 31 deste mês.

O AUTOR
Hailton Mangabeira nasceu em Macaíba-RN, em 9 de janeiro de 1973. É graduado em Pedagogia e Geografia, especialista em Educação. Atualmente, é professor da rede pública de ensino. Também aluno do Mestrado em Educação. Como cordelista, publicou mais de 120 cordéis.

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