segunda-feira, 30 de julho de 2012

Direita prepara “batalha do mensalão”

Por Altamiro Borges

A partir da próxima quarta-feira, 2 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar o processo do chamado “mensalão do PT”. A oposição de direita está excitada, não fala em outra coisa – só lamenta não contar mais com o estridente Demóstenes Torres, o ex-paladino da ética. A mídia demotucana também está alvoroçada. Ela promete dar um show na cobertura do que batizou de “maior escândalo de corrupção da história do Brasil”. Os jornalões e telejornais terão edições diárias especiais sobre as sessões do STF.

Só os ingênuos acreditam que este bombardeio tem algo a ver com a ética na política ou com a neutralidade da imprensa. Seu objetivo é político e, de imediato, eleitoreiro. Prega a condenação sumária dos 38 réus do processo, sem qualquer base nos autos e nas regras jurídicas. Ele visa interferir no resultado das urnas em outubro próximo. Para ser mais eficaz, porém, ele depende de uma grande comoção na sociedade. Neste sentido, setores da mídia já fazem chamados às mobilizações “espontâneas” contra os “mensaleiros”.

Bolo no Leblon e Ipanema
É o caso de Reinaldo Azevedo, o pitbull da revista Veja – aquela revista financiada com generosos recursos em publicidade do governo federal e dos amigos tucanos do Palácio dos Bandeirantes. O raivoso blogueiro resolveu dar uma força para a “caminhada” marcada pelo “Movimento 31 de julho contra a corrupção e a impunidade” para este domingo, 29 de julho. Ela percorrerá os bairros nobres do Leblon e de Ipanema, no Rio de Janeiro, e terá até a “distribuição de um bolo para comemorar o início do julgamento” no STF.

Este estranho movimento, criado em julho passado, ganhou certa visibilidade durante a operação “derruba ministro” patrocinada pela mídia em 2011. Depois, entrou em refluxo. Agora, ganha novo impulso da direita para pressionar os ministros do STF. Na sua página na internet fica patente a seletividade deste grupo no combate à corrupção. Nenhuma linha contra Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da ética” da Veja. Há até um texto contra a “insensatez” da CPI do Cachoeira e ataques ao ex-presidente Lula, o “apedeuta” (burro, asno).

A convocação da “caminhada” mostra que a direita encara a “batalha do mensalão” como decisiva, uma questão de vida ou morte. Os demotucanos farão de tudo para utilizar o julgamento para os seus objetivos eleitoreiros. A mídia direitista tentará ganhar fôlego com o circo montado. E as forças populares e progressistas? O que elas farão durante este verdadeiro bombardeio?

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