quinta-feira, 24 de outubro de 2013

João Pedro Stédile Líder do MST se integra à luta contra agronegócio no Apodi

Com informações do Centro Feminino 8 de Março.

João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), visita Mossoró e Apodi nesta sexta-feira (25). Às 14h, ele realiza um bate-papo com a imprensa, em Mossoró, na sede do Centro Feminista 8 de Março (CF8) e em seguida vai para Apodi, onde participa de um ato, às 16h, no Acampamento Edivan Pinto.

A vinda de João Pedro Stédile está dentro da programação da Caravana Agroecológica e Cultural de Apodi, que está sendo realizada desde a última quarta-feira, 23, abrangendo os estados do Rio Grande do Norte e Ceará e se encerra neste sábado (26).

Além de promover o intercâmbio de experiências da agricultura familiar de base agroecológica da Chapada do Apodi, a Caravana também denuncia a ameaça que as famílias apodienses vêm sofrendo com o avanço do agronegócio na região. O projeto Perímetro Irrigado da Chapada do Apodi do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), chamado pela população de “Projeto da Morte”, se implantado, irá desapropriar mais de 13 mil hectares de terras, onde vivem e produzem 800 famílias, para que cinco empresas produzam frutas para exportação.

Como prova de resistência, as famílias se uniram e criaram o Acampamento Edivan Pinto, que hoje possui mais de mil famílias acampadas.

Ativista

João Pedro Stédile (Lagoa Vermelha, Rio Grande do Sul,  25 de dezembro de 1953) é um economista  e ativista social brasileiro. É membro da direção nacional do MST, do qual é também um dos fundadores.

Gaúcho (sul-rio-grandense ) de formação marxista, é um dos maiores defensores de uma reforma agrária no Brasil. Filho de pequenos agricultores originários da província de Trento, Itália, reside atualmente em São Paulo.

É graduado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México.

Atuou como membro da Comissão de Produtores de Uva, dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul, na região de Bento Gonçalves.

Câncer e assassinato
A Chapada do Apodi fica entre o Ceará e o Rio Grande do Norte. No fim dos anos 80 o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) implementou um projeto de irrigação no lado cearense. A área irrigada foi ocupada por cinco grandes empresas de fruticultura, desestruturando a produção de milhares de pequenos agricultores. O uso em larga escala de agrotóxicos – inclusive com pulverização aérea – contaminou os canais de irrigação que servem às lavouras e às comunidades.

Em Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas – cidades cearenses por onde se estende o perímetro irrigado – a incidência de câncer é 38% maior do que em cidades com população semelhante, mas que não estão expostas a tanto veneno. Um terço dos trabalhadores das empresas fruticultoras já sofreu intoxicação. O líder comunitário Zé Maria do Tomé, que denunciava o envenenamento da água, foi assassinado há três anos. O gerente de uma das empresas fruticultoras é acusado de ser o mandante do crime.

Em 2013 o mesmo DNOCS deu início a um projeto bastante semelhante no lado potiguar da chapada, onde vivem cerca de 6 mil agricultores familiares cuja produção orgânica de frutas, hortaliças, cereais, mel e carne caprina é uma referência nacional. O projeto do DNOCS prevê o cultivo de cacau e uva no sertão potiguar e foi elaborado sem qualquer participação das comunidades afetadas. Os agricultores familiares agroecológicos da Chapada do Apodi, contudo, estão organizados para resistir e adaptar o projeto às reais necessidades de quem vive e já produz – e muito – no semiárido brasileiro.

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