Com informações do Centro Feminino 8 de Março.
João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), visita Mossoró e Apodi nesta sexta-feira (25). Às 14h, ele realiza um bate-papo com a imprensa, em Mossoró, na sede do Centro Feminista 8 de Março (CF8) e em seguida vai para Apodi, onde participa de um ato, às 16h, no Acampamento Edivan Pinto.
João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Sem-Terra (MST), visita Mossoró e Apodi nesta sexta-feira (25). Às 14h, ele realiza um bate-papo com a imprensa, em Mossoró, na sede do Centro Feminista 8 de Março (CF8) e em seguida vai para Apodi, onde participa de um ato, às 16h, no Acampamento Edivan Pinto.
A vinda de João Pedro Stédile está
dentro da programação da Caravana Agroecológica e Cultural de Apodi, que
está sendo realizada desde a última quarta-feira, 23, abrangendo os
estados do Rio Grande do Norte e Ceará e se encerra neste sábado (26).
Além de promover o intercâmbio de
experiências da agricultura familiar de base agroecológica da Chapada do
Apodi, a Caravana também denuncia a ameaça que as famílias apodienses
vêm sofrendo com o avanço do agronegócio na região. O projeto Perímetro
Irrigado da Chapada do Apodi do Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (DNOCS), chamado pela população de “Projeto da Morte”, se
implantado, irá desapropriar mais de 13 mil hectares de terras, onde
vivem e produzem 800 famílias, para que cinco empresas produzam frutas
para exportação.
Como prova de resistência, as famílias
se uniram e criaram o Acampamento Edivan Pinto, que hoje possui mais de
mil famílias acampadas.
Ativista
João Pedro Stédile (Lagoa Vermelha, Rio Grande do Sul, 25 de dezembro de 1953) é um economista e ativista social brasileiro. É membro da direção nacional do MST, do qual é também um dos fundadores.
Gaúcho (sul-rio-grandense ) de
formação marxista, é um dos maiores defensores de uma reforma agrária no
Brasil. Filho de pequenos agricultores originários da província de
Trento, Itália, reside atualmente em São Paulo.
É graduado em economia pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e pós-graduado pela
Universidade Nacional Autônoma do México.
Atuou como membro da Comissão de
Produtores de Uva, dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande
do Sul, na região de Bento Gonçalves.
Câncer e assassinato
A Chapada do Apodi fica entre o Ceará e o
Rio Grande do Norte. No fim dos anos 80 o Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas (DNOCS) implementou um projeto de irrigação no
lado cearense. A área irrigada foi ocupada por cinco grandes empresas de
fruticultura, desestruturando a produção de milhares de pequenos
agricultores. O uso em larga escala de agrotóxicos – inclusive com
pulverização aérea – contaminou os canais de irrigação que servem às
lavouras e às comunidades.
Em Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas –
cidades cearenses por onde se estende o perímetro irrigado – a
incidência de câncer é 38% maior do que em cidades com população
semelhante, mas que não estão expostas a tanto veneno. Um terço dos
trabalhadores das empresas fruticultoras já sofreu intoxicação. O líder
comunitário Zé Maria do Tomé, que denunciava o envenenamento da água,
foi assassinado há três anos. O gerente de uma das empresas
fruticultoras é acusado de ser o mandante do crime.
Em 2013 o mesmo DNOCS deu início a um
projeto bastante semelhante no lado potiguar da chapada, onde vivem
cerca de 6 mil agricultores familiares cuja produção orgânica de frutas,
hortaliças, cereais, mel e carne caprina é uma referência nacional. O
projeto do DNOCS prevê o cultivo de cacau e uva no sertão potiguar e foi
elaborado sem qualquer participação das comunidades afetadas. Os
agricultores familiares agroecológicos da Chapada do Apodi, contudo,
estão organizados para resistir e adaptar o projeto às reais
necessidades de quem vive e já produz – e muito – no semiárido
brasileiro.
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