O jornal Valor Econômico traz hoje uma análise
bastante interessante. Sob o sugestivo título “ Partidos põem poder dos
antigos “mandões” em xeque, o texto abre dizendo que nas eleições de
1989, houve quem contasse os apoios dos prefeitos aos candidatos às
eleições presidenciais como forma de mensurar o poder de cada qual.
Os
municípios brasileiros, principalmente os menores, mais pobres e
localizados no Norte e Nordeste, eram ainda interpretados como locais de
fragilidade do sistema partidário e propício à reprodução dos desmandos
dos “coronéis”, tais quais eternizados por Victor Nunes Leal na obra
“Coronelismo, Enxada e Voto”. O interior brasileiro foi tomado pelos
analistas políticos como terras férteis para os “mandões” exercerem seus
desígnios sem limites na ausência completa de competição e dominarem os
votos advindos destas localidades, normalmente denominada por “grotões
eleitorais”.
A análise continua dizendo que agora a perda do
monopólio do poder municipal é sentida em todas as regiões do país,
assim como em municípios de todos os tamanhos. Ainda que se possa
afirmar que a simples multiplicação de partidos não significa
necessariamente a diversos grupos competindo, dado que um ou poucos
grupos podem dominar as diferentes legendas (e isto realmente ocorre com
certa frequência), não se pode negligenciar que a existência de
instituições partidárias formais influenciam sobremaneira na
estabilidade dos acordos entre as lideranças.
Dito de outra forma, é
fato que um político local pode controlar vários partidos, mas o seu
domínio estará muito mais suscetível a defecções em sistemas que haja
saídas institucionais para os que não cooperarem. Portanto, a simples
existência de partidos organizados localmente colocam o poder dos
antigos “mandões” em xeque.
Finalizando, o texto afirma que diante
disso, ainda que haja diversas formas de se mensurar a competitividade
dos sistemas políticos, dos mais simples aos mais complexos indicadores,
em todos eles os sistemas políticos locais apresentam maior
competitividade hoje do que há 25 anos. E uma evidência cabal desse
processo é o fato que, nas eleições de 2006 e 2010, os candidatos do PT e
PSDB tiveram em média menos (ou igual) votos nos municípios em que
administravam a prefeitura do que nas administradas por seus
adversários. Compreender o Brasil de hoje é uma tarefa impossível sem
analisar a política local, ainda que seja para afirmar que ela pouco
trará influência nas eleições presidenciais.
Feito a leitura do Valor Econômico,
se chega a conclusão de que as oligarquias outrora dominante na
política brasileira, sobretudo no Norte e no Nordeste, não estão mais
com esse poderio. Exemplo recente é a decisão do “todo-poderoso” senador
José Sarney (PMDB), que desistiu de concorrer a reeleição temeroso de
um fracasso nas urnas.
Da mesma forma a sua filha, Roseana Sarney.
Portanto, caro leitor, a análise aplica-se perfeitamente ao Rio Grande
do Norte, onde os caciques da política papa-jerimum (Oligarquias Alves e Maia) ainda pensam que
podem dominar a vontade do povo. Cito ainda a eleição suplementar de
Mossoró (RN), onde um vereador que não pertence a nenhuma oligarquia
local venceu o pleito para prefeito contra os poderosos da política
potiguar.
A conferir!
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