domingo, 6 de julho de 2014

Oligarquias e as eleições >> “ Partidos põem poder dos antigos “mandões” em xeque


 

O jornal Valor Econômico traz hoje uma análise bastante interessante. Sob o sugestivo título “ Partidos põem poder dos antigos “mandões” em xeque, o texto abre dizendo que nas eleições de 1989, houve quem contasse os apoios dos prefeitos aos candidatos às eleições presidenciais como forma de mensurar o poder de cada qual. 

Os municípios brasileiros, principalmente os menores, mais pobres e localizados no Norte e Nordeste, eram ainda interpretados como locais de fragilidade do sistema partidário e propício à reprodução dos desmandos dos “coronéis”, tais quais eternizados por Victor Nunes Leal na obra “Coronelismo, Enxada e Voto”. O interior brasileiro foi tomado pelos analistas políticos como terras férteis para os “mandões” exercerem seus desígnios sem limites na ausência completa de competição e dominarem os votos advindos destas localidades, normalmente denominada por “grotões eleitorais”.

A análise continua dizendo que agora a perda do monopólio do poder municipal é sentida em todas as regiões do país, assim como em municípios de todos os tamanhos. Ainda que se possa afirmar que a simples multiplicação de partidos não significa necessariamente a diversos grupos competindo, dado que um ou poucos grupos podem dominar as diferentes legendas (e isto realmente ocorre com certa frequência), não se pode negligenciar que a existência de instituições partidárias formais influenciam sobremaneira na estabilidade dos acordos entre as lideranças. 

Dito de outra forma, é fato que um político local pode controlar vários partidos, mas o seu domínio estará muito mais suscetível a defecções em sistemas que haja saídas institucionais para os que não cooperarem. Portanto, a simples existência de partidos organizados localmente colocam o poder dos antigos “mandões” em xeque.

Finalizando, o texto afirma que diante disso, ainda que haja diversas formas de se mensurar a competitividade dos sistemas políticos, dos mais simples aos mais complexos indicadores, em todos eles os sistemas políticos locais apresentam maior competitividade hoje do que há 25 anos. E uma evidência cabal desse processo é o fato que, nas eleições de 2006 e 2010, os candidatos do PT e PSDB tiveram em média menos (ou igual) votos nos municípios em que administravam a prefeitura do que nas administradas por seus adversários. Compreender o Brasil de hoje é uma tarefa impossível sem analisar a política local, ainda que seja para afirmar que ela pouco trará influência nas eleições presidenciais.

Feito a leitura do Valor Econômico, se chega a conclusão de que as oligarquias outrora dominante na política brasileira, sobretudo no Norte e no Nordeste, não estão mais com esse poderio. Exemplo recente é a decisão do “todo-poderoso” senador José Sarney (PMDB), que desistiu de concorrer a reeleição temeroso de um fracasso nas urnas. 

Da mesma forma a sua filha, Roseana Sarney. Portanto, caro leitor, a análise aplica-se perfeitamente ao Rio Grande do Norte, onde os caciques da política papa-jerimum (Oligarquias Alves e Maia) ainda pensam que podem dominar a vontade do povo. Cito ainda a eleição suplementar de Mossoró (RN), onde um vereador que não pertence a nenhuma oligarquia local venceu o pleito para prefeito contra os poderosos da política potiguar.

A conferir!

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