Começaram nesta segunda-feira
(25) com uma Alvorada Festiva com a participação de alunos do Henrique
Castriciano, Escola Doméstica, ex-alunas, diretoria da Liga de Ensino do
Rio Grande do Norte – órgão gestor da ED – e a banda da Marinha.
Embora a educação doméstica seja hoje considerada uma ferramenta da
sociedade patriarcal, há um século ela teve um papel importante para
começar a transformação do papel da mulher no mundo. Para a presidente
da Associação de Ex-Alunas da Escola Doméstica (AEED), Márcia Marinho, a
educação doméstica foi o primeiro passo na história de autonomia que a
mulher construiria no século seguinte.
“Antes a mulher nem podia fica na sala quando o homem recebia as
visitas em casa. Depois que as mulheres começaram a ter aula de
etiqueta, por exemplo, aí os homens começaram a precisar das mulheres
para receber alguém em casa”, contou. Isso também se deu nas escolhas
dos cerimoniais, do tipo de jantar mais adequado, dos pratos mais
adequadas para cada tipo de visita. “A escola foi o símbolo da
independência feminina”, destacou.
Mas a escola não só impulsionou as mudanças, como também acompanhou
os passos das mulheres nesse século. Para Márcia Marinho, a ED agora
prepara a mulher para administrar sua vida, seja no campo profissional,
ou no campo doméstico.
De acordo com o atual presidente da Liga de Ensino do Rio Grande do
Norte, Manoel de Britto, chegou a ter mais de mil alunas inclusive em
sistema de internato. Atualmente são 500 alunas. Britto falou também que
a escola acompanhou as mudanças na vida das mulheres.
Na década de 1950, as disciplinas chamadas de “prendas domésticas”
começaram a dividir a grade curricular com o as disciplinas do currículo
comum a todos os estudantes. Mas ainda hoje, as estudantes da
instituição recebem a educação doméstica com: puericultural (criação de
filhos), etiqueta, culinária, leiteria, horticultura, corte e costura.
Quem aproveita todo o diferencial que a escola oferece é Luíza
Rodrigues, de 12 anos. Ela está no sétimo ano do ensino fundamental e já
mostra em casa o que aprende na escola. “No caso da cozinha, tem final
de semana que eu faço a comida em casa, a etiqueta também ensino aos
meus pais”, contou.
Luíza é carioca assim como seus pais. Aos seis anos de idade, veio
morar em Natal e teve dificuldades de gostar das escolas em Natal em
função do espaço. Na ED, ela se convenceu que a instituição estava à
frente das demais nesse quesito. As primas de Luíza se surpreendem
positivamente quando sabem que a prima estuda numa escola só para
meninas. “Quando eu falo, elas dizem ‘você estuda numa escola só pra
menina, meu Deus!’”, disse.
Para a diretora da Escola Doméstica, Ângela Guerra Fonseca, a
instituição ainda terá um espaço na formação da mulher neste novo
século, mesmo com a mulher já tendo conquistado muito. “A mulher
conseguiu ver qual o seu espaço no mundo, não contra o homem, mas em
parceria. A escola vai continuar a valorizar não só a construção de
saberes da mulher, mas também a construção de valores familiares. E
dentro desses valores, a autonomia, independência, sem dominação nem do
homem nem da mulher”, comentou.
Fonte: Portal JH
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