terça-feira, 26 de agosto de 2014

Escola Doméstica de Natal celebra 100 anos de história na educação do RN

 Começaram nesta segunda-feira (25) com uma Alvorada Festiva com a participação de alunos do Henrique Castriciano, Escola Doméstica, ex-alunas, diretoria da Liga de Ensino do Rio Grande do Norte – órgão gestor da ED – e a banda da Marinha.

Embora a educação doméstica seja hoje considerada uma ferramenta da sociedade patriarcal, há um século ela teve um papel importante para começar a transformação do papel da mulher no mundo. Para a presidente da Associação de Ex-Alunas da Escola Doméstica (AEED), Márcia Marinho, a educação doméstica foi o primeiro passo na história de autonomia que a mulher construiria no século seguinte.

“Antes a mulher nem podia fica na sala quando o homem recebia as visitas em casa. Depois que as mulheres começaram a ter aula de etiqueta, por exemplo, aí os homens começaram a precisar das mulheres para receber alguém em casa”, contou. Isso também se deu nas escolhas dos cerimoniais, do tipo de jantar mais adequado, dos pratos mais adequadas para cada tipo de visita. “A escola foi o símbolo da independência feminina”, destacou.

Mas a escola não só impulsionou as mudanças, como também acompanhou os passos das mulheres nesse século. Para Márcia Marinho, a ED agora prepara a mulher para administrar sua vida, seja no campo profissional, ou no campo doméstico.

De acordo com o atual presidente da Liga de Ensino do Rio Grande do Norte, Manoel de Britto, chegou a ter mais de mil alunas inclusive em sistema de internato. Atualmente são 500 alunas. Britto falou também que a escola acompanhou as mudanças na vida das mulheres.

Na década de 1950, as disciplinas chamadas de “prendas domésticas” começaram a dividir a grade curricular com o as disciplinas do currículo comum a todos os estudantes. Mas ainda hoje, as estudantes da instituição recebem a educação doméstica com: puericultural (criação de filhos), etiqueta, culinária, leiteria, horticultura, corte e costura.

Quem aproveita todo o diferencial que a escola oferece é Luíza Rodrigues, de 12 anos. Ela está no sétimo ano do ensino fundamental e já mostra em casa o que aprende na escola. “No caso da cozinha, tem final de semana que eu faço a comida em casa, a etiqueta também ensino aos meus pais”, contou.
Luíza é carioca assim como seus pais. Aos seis anos de idade, veio morar em Natal e teve dificuldades de gostar das escolas em Natal em função do espaço. Na ED, ela se convenceu que a instituição estava à frente das demais nesse quesito. As primas de Luíza se surpreendem positivamente quando sabem que a prima estuda numa escola só para meninas. “Quando eu falo, elas dizem ‘você estuda numa escola só pra menina, meu Deus!’”, disse.


Para a diretora da Escola Doméstica, Ângela Guerra Fonseca, a instituição ainda terá um espaço na formação da mulher neste novo século, mesmo com a mulher já tendo conquistado muito. “A mulher conseguiu ver qual o seu espaço no mundo, não contra o homem, mas em parceria. A escola vai continuar a valorizar não só a construção de saberes da mulher, mas também a construção de valores familiares. E dentro desses valores, a autonomia, independência, sem dominação nem do homem nem da mulher”, comentou.



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