Estratégia vai na contramão da garantia dos direitos humanos; CUT defende a ampliação de investimentos em políticas públicas para os jovens
Escrito por: William Pedreira com informações da Rede Brasil Atual
Na última terça-feira (5), o governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reuniu-se com o presidente da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pedir celeridade à
votação do Projeto de Lei 5454/13, de sua própria autoria, que aumenta o
período de internação de adolescentes infratores para oito anos, quando
forem acusados por crimes hediondos. Atualmente, o prazo é de três
anos.
Enquanto as eleições se aproximam e
Alckmin eleva o tom, São Paulo padece de políticas públicas voltadas aos
jovens, como investimento amplo em educação, lazer e cultura, e
melhorias no sistema socioeducativo.
No estado controlado pelo PSDB há quase
20 anos, rege a cartilha da criminalização, visto os números
apresentados pelo Centro de Inteligência e da Corregedoria, que
identifica o aumento de 62% na letalidade dos policiais militares em
2014.
Segundo reportagem da Rede Brasil Atual,
Alckmin pleiteou mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e
afirmou que é preciso dar um basta à "cultura da impunidade".
Esquece o governador que o ECA já
responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, que comete infração e
tem de cumprir medidas socioeducativas que podem chegar a três anos.
Vale destacar também que nenhum dos 54
países que reduziram a maioridade penal registrou a redução da
violência, comprovando que o caminho da criminalização é equivocado e
errôneo.
De acordo com a Organização das Nações
Unidas (ONU), em apenas 17% destes países a idade penal é inferior a 18
anos. Espanha e a Alemanha, por exemplo, retrocederam em suas
iniciativas em penalizar menores de 18 anos.
No caso do Brasil, o ingresso antecipado
ao falido sistema prisional expõe os adolescentes a mecanismos
reprodutores da violência e não cumpre a função social de reinserção e
reeducação, o que colabora para o aumento das chances de reincidência.
“Muito fácil condenar quem já cumpre pena
de vida. Muitos destes jovens não possuem alternativas, vivem ao lado
do tráfico e crescem na violência”, assinalou Alfredo Santos Jr.,
secretário de Juventude da CUT. Para ele, é preciso haver condições de
empregabilidade, de educação e de saúde para o/a jovem. “É preciso que o
estado acesse o morro. Este é um debate essencialmente social e não
eminentemente penal ou jurídico”.
Na 14ª Plenária Nacional da CUT,
realizada recentemente em Guarulhos (SP), os delegados e delegadas
aprovaram na estratégia de luta do eixo 1 – Disputa de Hegemonia:
Democratização do Estado e Construção de um Novo Modelo de
Desenvolvimento - no capítulo da juventude uma proposta de resolução com
o seguinte texto: “A CUT é contra a redução da maioridade penal e deve
mobilizar a sociedade brasileira e os movimentos sociais para essa
discussão”.
Somente sobre o tema da redução da
maioridade penal existem quase duas dezenas de projetos de lei no
Congresso Nacional. São iniciativas que visam à retirada de direitos com
medidas meramente punitivas que ao invés de recuperar socialmente a
criança e o adolescente, os encaminha ainda mais para o mundo da
criminalidade.
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