A infeliz declaração de um dos mais impopulares ex-presidentes do Brasil
- que não se cansa de servir de porta-voz a uma elite conservadora,
mesquinha e preconceituosa - desencadeou uma onda nefasta de preconceito
e intolerância contra a população nordestina, que votou massivamente na
candidata Dilma Rousseff no último dia 5.
Tendo direcionado seu governo para um terço da população brasileira,
deixando os 2/3 restantes à mercê do desemprego, da informalidade e da
indigência, as declarações de Fernando Henrique Cardoso não soam
estranhas, pois revelam exatamente sua visão de mundo atrelada aos
interesses dos endinheirados. O problema, porém, são as consequências
dessa atitude irresponsável!
A diversidade é a marca registrada do povo brasileiro, seja para o
bem ou para o mal. Nossa miscigenação com os povos africanos, por
exemplo, ao mesmo tempo em que nos proporciona dádivas na culinária, na
música, na dança e na religiosidade, também nos remete ao compromisso de
resgatar a dignidade e o respeito ao povo negro, historicamente
marginalizado e empobrecido. No caso do Nordeste, de praias lindas, povo
caloroso e receptivo, culinária de muitas iguarias, o processo de
industrialização concentrado no eixo sul-sudeste impôs à Região miséria
extrema, a qual se tenta, com sucesso, reverter na última década.
A verdade é que somos um único povo, ainda que com tantas diferenças,
sobretudo sociais. E sobre o aspecto da injustiça, nossa Constituição
não se omitiu em lançar as bases para a construção de um Estado com
compromisso social. Diz o art. 3º da Carta, que o ex-presidente FHC
sempre ignorou: “Constituem objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
Mesmo com toda força e dignidade que o povo nordestino possui para
dar sua própria resposta a FHC e seus correligionários, a CNTE não
poderia deixar de se manifestar sobre essa causa de conteúdo
civilizatório e humanitário.
Lutamos por um país justo e sem apartheids! Contra todas as formas de discriminação e preconceito!
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