segunda-feira, 8 de abril de 2019

EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM AGRICULTURA FAMILIAR >> ‘Quando a gente fala em Agroecologia, fala em vida’


“Quando a gente fala em Agroecologia, fala em vida, mesmo”. A fala, da camponesa e agroecologista Ana Flávia Luck, de Vila Valério, no noroeste do Estado, resume sua experiência pessoal com a agricultura ecológica e seu amor pelo trabalho que faz, em família.
Ela é uma das produtoras e expositoras que integra a feira agroecológica do município, inaugurada na última terça-feira (12) na sede do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) (foto abaixo), na antiga Coopaviva, no bairro rural de Córrego Valério, próximo ao centro da cidade e da estrada de chão para Linhares.
 A feira é “bem feminista”, observa Ana Flávia. “Tem os rapazes que ajudam, mas o protagonismo é feminino”, declara, referindo-se não só à sua família, mas às demais que compõem a barraca.
No seu caso, o despertar para a agroecologia se deu na escola. Ex-estudante da Escola Família Agrícola do Bley em São Gabriel da Palha, Flávia recebeu dos professores as primeiras lições de agricultura saudável. Depois, vieram as formações do MPA. A partir daí, “eu e minha mãe fomos conquistando aos poucos o meu pai, até conseguirmos ter nosso espaço”, recorda. Hoje, meio hectare da propriedade da família é gerenciada por elas, com hortaliças e frutas produzidas de forma agroecológica.
“É qualidade de vida dentro de casa. Ver a nossa alimentação hoje e como era antes, nossa! Chegamos a um estágio que não produzia nada de comida, só café e pimenta-do-reino. E ver hoje essa diversidade na nossa casa e na nossa mesa, reflete o que a gente comercializa na cidade”, diz, em contentamento.
Flávia concluiu sua licenciatura em educação do campo, com habilitação em ciências da natureza, no final de 2018. Seu grande entusiasmo no momento, no entanto, é com o trabalho na roça. “Vou continuar aqui, produzindo”, afirma.

Rede Bem Viver

Vila Valério conta com cerca de 40 agricultores agroecológicos associados ao MPA e à sua Rede Bem Viver. Pelo menos 15 deles já participam da nova feira, na chamada Barraca Camponesa. Nela, o consumidor encontra folhagens, verduras, frutas, raízes e as chamadas “merendas”, que são os pães, biscoitos, roscas e bolachas feitas pelos camponeses.
A Barraca Camponesa funciona de segunda a sexta-feira, sendo que às quartas-feiras ela fica na praça municipal, no centro da cidade; às quintas, em Vila Nova; e na segunda, terça e sexta, na sede do MPA. Há barracas agroecológicas também na feira livre da cidade, aos sábados, além da entrega e domicílio, feita a partir dos pedidos registrados via redes sociais. Em todos esses espaços, a receptividade do público é grande e animadora, conta Flávia.
“Nossa produção é saudável e com preço justo, então a galera vai toda pra feira, mesmo”, diz a jovem camponesa. ”Tem uma procura muito grande para as crianças e pessoas com dietas especiais. Nossos produtos não contêm nenhum agrotóxico”, assegura.
Sem produtos sintéticos ou tóxicos, o processo é de facilitar a regeneração da natureza, aproveitando os recursos naturais de forma respeitosa. “Devolvemos pra natureza o que ela nos dá, aos poucos. A ideia é manter o equilíbrio da natureza”, conta Flávia.
Os camponeses de Vila Valério também entregam seus produtos para a merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e estão em processo de construção de sua própria Organização de Controle Social (OCS), que vai permitir a certificação orgânica e agroecológica dos produtos.
O Espírito Santo conta hoje com mais de 40 feiras orgânicas ou agroecológicas, sendo referência nacional no assunto.

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