Por Paulo Cayres, presidente da CNM/CUT
1° de Maio é o dia em que os trabalhadores do mundo inteiro se confraternizam e realizam festas de comemoração para lembrar a data que provocou uma grande mudança na vida de muitas pessoas. Aqueles funcionários na fábrica de Chicago perderam a vida, mas o gesto heroico dos manifestantes abriu as portas para um grande movimento em defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Naquele 1º de Maio de 1886 milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.
No Brasil, essas relações até pouco tempo haviam sido historicamente baseadas na total
ausência de democracia, predominando o autoritarismo, o assédio e o
desrespeito.
A luta da CUT é para garantir o valor social do trabalho na promoção de
condições de vida dignas dentro e fora dos locais de trabalho, uma das
condições para o exercício do Trabalho Decente. Para que isso ocorra é
pressuposto o fortalecimento do papel do Estado como regulador das
políticas públicas com vistas a garantir os direitos fundamentais, a
proteção social, a geração de emprego de qualidade.
A CNM/CUT reforça e atua da CUT de que é preciso intensificar as ações
em defesa da regulação pública do trabalho e no combate à investida
patronal de regulação da precarização e da retirada de direitos. A
terceirização é um dos exemplos de precarização, pois potencializa a
discriminação nos locais de trabalho, sendo uma das principais causas
dos acidentes de trabalho, muitos deles, fatais.
Trabalhador ainda sofre com o descaso dos empregadores
Acidentes de trabalho mataram 16,5 mil em seis anos. Os 3,8 milhões de
acidentes de trabalho ocorridos no Brasil no período de 2005 a 2010
mataram 16,5 mil pessoas e incapacitaram 74,7 mil trabalhadores. Os
dados foram apresentados em audiência pública, no Senado Federal, na
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.
O evento, que se integra às atividades do Dia Internacional em Memória
das Vítimas de Acidentes de Trabalho (28 de abril), contou com a
participação de representantes de centrais sindicais, do governo
federal, da Justiça do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho.
Segundo informações obtidas no encontro, as principais causas dos
acidentes de trabalho estão relacionadas à degradação das condições do
ambiente de trabalho. Contribuem para o agravamento da situação questões
como falta de treinamento para o trabalhador, não fornecimento de
equipamento de proteção individual e remuneração por produção (que induz
ao trabalho excessivo e exaustivo), entre outros. Pesquisas revelam que
quatro em cinco acidentes ocorrem com trabalhadores terceirizados.
Degradação
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT demonstra sua
indignação frente a essa situação de degradação do ambiente de trabalho
que muitos trabalhadores ainda são obrigados a conviver. Ambientes
inóspitos, sem segurança e com risco iminente à saúde do trabalhador.
Sabemos ainda que os números dos trabalhadores acidentados em ambiente
de trabalho ou no trajeto até o local de trabalho é ainda maior, pois
nem sempre esses dados aparecem nas estatísticas porque simplesmente as
empresas não notificam o INSS.
Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho
Em 28 de abril é celebrado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no
Trabalho, data assinalada pela OIT desde 2001. Neste dia, em todo o
mundo se promovem formas de criar e sustentar uma cultura de prevenção
em matéria de segurança e saúde no trabalho. O foco do Dia Mundial é
sobre prevenção de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, através
de ambiente seguro e decente.
Trabalho decente é uma das bandeiras de luta da CNM/CUT. Em 20 anos de
atividades, a Confederação organiza, promove e participa de ações para a
melhoria das condições de trabalho com a Organização nos Locais de
Trabalho e as Redes de Trabalhadores nas Empresas. Para a CNM/CUT,
segurança e saúde para todos é um direito e não um privilégio.
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