"Constatamos que o rio Apodi-Mossoró só possuía águas 
próprias, ou seja, livres de qualquer contaminação, em sua nascente. Mas
 o que vemos hoje é que até mesmo as cachoeiras do município de Luís 
Gomes já estão sendo contaminadas, através da visitação do público ao 
balneário criado no local", destaca Ramiro Camacho, presidente do Comitê
 da Bacia e diretor do Centro de Estudos e Pesquisa do Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Regional do Semiárido (Cemad), da Universidade do Estado
 do Rio Grande do Norte (Uern).
Ao longo de 2013, o comitê realizou 
cinco reuniões, em municípios como Luís Gomes, Areia Branca, Pau dos 
Ferros e Apodi, percorrendo assim todo o percurso do rio, identificando 
as causas de sua poluição. "Foram reuniões itinerantes, da nascente à 
foz do rio Apodi-Mossoró, verificando áreas degradadas, contaminadas, 
problemas também como o desabastecimento em municípios como Luís Gomes e
 Pau dos Ferros, tudo isso faz parte da nossa política de atuação", diz 
Ramiro Camacho.
Questionado sobre as ações efetivas que estão sendo 
adotadas pelo comitê para amenizar a situação atual da bacia, o 
presidente responde que, por não ter poder executivo, o órgão colegiado 
busca viabilizar projetos, propondo discussões e soluções para as 
deficiências encontradas. "É um desafio, principalmente quando nos 
deparamos com a ausência de saneamento básico em grande parte dos 
municípios contemplados pela bacia hidrográfica", afirma, acrescentando 
que para 2014 a intenção do comitê é novamente percorrer o rio 
Apodi-Mossoró, a partir do dia 25 de março, dessa vez da foz à nascente.
Representante de Mossoró no comitê cobra posição mais executiva do órgão
Representando
 Mossoró no comitê, o subsecretário de Gestão Ambiental do município, 
Mairton França, tem cobrado um posicionamento mais executivo do órgão. 
Para ele, não há como colocar em prática as ações propostas, se não 
houver condições para isso.
"Nossas reuniões foram avaliativas, não 
temos como deliberar nada. Até tenho cobrado uma posição executiva, para
 que tenhamos uma política de gestão de águas. Sabemos que do ponto de 
vista ambiental há hoje uma grande problemática no rio Apodi-Mossoró", 
relata.
Segundo Mairton França, a realização de atividades 
relacionadas à agricultura em Áreas de Preservação Permanente (APPs), o 
desmatamento de matas ciliares, criação de animais, entre outras 
questões, fazem com que o rio venha sendo prejudicado constantemente. 
"Sem falar no saneamento básico. Cerca de 90% dos municípios por onde o 
rio passa não possui esgotamento sanitário, fazendo com que dejetos de 
todos os tipos sejam despejados nas águas da bacia", afirma.
Para que
 o quadro atual seja revertido, seriam necessários, de acordo com o 
subsecretário, alguns anos de intensos trabalhos. "É uma situação 
complicada. O professor Ramiro tem toda a razão, quando diz que quase 
todo o rio está prejudicado. São muitos os impactos negativos sofridos 
pela bacia", conclui.
- Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio 
Apodi-Mossoró foi criado com o objetivo de ser um órgão colegiado com 
funções deliberativas, tomando decisões, estabelecendo normas e emitindo
 pareceres quando consultado. É composto 60 membros, sendo 30 titulares e
 30 suplentes
- O Rio Grande do Norte possui, além do comitê do 
rio Apodi-Mossoró, os comitês das bacias hidrográficas do rio 
Piranhas-Açu, Pitimbu e Ceará-Mirim.
- A criação de comitês é uma das metas do Programa Semiárido Potiguar (PSP), financiado pelo Banco Mundial.
 Fonte: Jornal O Mossoroense,16 de Fevereiro de 2014
 
Sem comentários:
Enviar um comentário