Fonte: Site Carta Potiguar
Qualquer
tentativa de entendimento sobre os passos produzidos pelo deputado
federal, um dos líderes do PMDB e presidente da Câmara, Henrique Alves,
deve passar, necessariamente, pela compreensão do medo que o dito cujo
nutre em relação a um possível enfrentamento com a ex-governadora Wilma
de Faria.
Sonhando em atingir o cargo máximo do executivo estadual, o Alves em
questão não economizou nas suas inegáveis habilidades no sentido de
formar um cenário que lhe fosse mais aprazível. Ora, nada mais racional.
Na política, os agentes perseguem seus objetivos a partir da
mobilização das ferramentas disponíveis. O pressuposto serve para
explicar os passos de Henrique ou os de Amanda Gurgel.
Fortalecido, o PMDB não dormiu no ponto. Foi atrás da rapadura, que é
doce e todo mundo gosta. E não existe partido com diabetes.
Mas esta racionalidade não é extremada, não é livre de
constrangimentos e das possibilidades postas pelo contexto. Está eivada
de crenças, inclusive. E fica evidente, pela movimentação de Henrique,
que ele tem medo. Talvez, assombrado por um fantasma do passado, uma
oponente de peso que enxerga na já chamada de “guerreira”.
E aí não titubeou. Tratou de tirá-la da disputa, oferecendo, pelo que
se pode depreender a partir de tudo o que foi veiculado pelos jornais, a
vaga ao senado em sua coligação. E ela que trate de bater a deputada
federal Fátima Bezerra (PT). O desafio não seria mais dele.
Em tese, problema resolvido. “Só que não”, como costuma dizer quem
habita as redes sociais. Não há nenhuma garantia de que o eleitor irá
aceitar uma chapa tão “pesada” quanto essa em que o cenário
pós-manifestações produziu um evidente desgaste da figura do denominado,
um pouco acriticamente, político tradicional.
Henrique sempre expressou este perfil. E já faz tempo que Wilma de
Faria deixou de encarnar aquela que se contrapunha aos “poderosos”. Vide
a forma como ela foi escondida da propaganda eleitoral de Carlos
Eduardo, durante o segundo turno de 2012, quando compôs a chapa como
candidata a vice prefeita e passou a gerar constrangimento para o seu
aliado ao ser criticada pelo então oponente no pleito Hermano Morais.
Não está tudo fechado, apesar de alguns jornalistas já fazerem
cálculos até inacreditáveis 2022. Mas a possível composição laboratório
que circulou na mídia sempre ansiosa – Henrique Alves governador (PMDB),
João Maia (PR) Vice e Wilma de Faria (PSB) – poderá enfrentar
resistências por parte do eleitor. Isto porque, a combinação entre os
perfis não, digamos, empolga.
Henrique Alves expressa segurança, alguém que pode pactuar e liderar
um consenso em torno de uma suposta reconstrução do RN. Mas sua figura é
rejeitada pela desconfiança para com figuras típicas da
profissionalidade da política, fenômeno agravado pelos protestos no
Brasil.
João Maia é um candidato de “estrutura”. Com uma inserção mais
fortemente regional, carece de carisma e da ideia de que renova o que,
na prática, precisa ser alterado.
Já Wilma de Faria tem a segurança como marca. Ao rivalizar com
Rosalba e munida de um bom recall aparece aparentemente como uma das
peças competitivas do pleito. Daí os bons números apresentados pelas
pesquisas (em que pese os dados sobre a sua rejeição convenientemente
esquecidos). Agora, será que, com os muitos casos de corrupção e índices
negativos em saúde e educação, sobretudo do segundo mandato, aguenta
toda a campanha? O que aconteceu em 2012 permite afirmar que não.
Em resumo, a união entre o político profissional (Henrique), o
candidato da estrutura (João Maia) e uma Wilma de Faria, que está bem
distante da guerreira do passado, é garantia de vitória?
Ao retirar Wilma da principal disputa majoritária, Henrique limpou o
caminho. Mas não é possível competir numa longa e sempre disputada
eleição totalmente tranquilo. De repente, uma chapa mais leve e vibrante
do outro lado pode surpreender. O sonho da eleição risco zero se
transformará num grande pesadelo? A conferir.
PREFEITOS, NÃO CORONEIS
Ter apoio ajuda. Inquestionável. Mas é
preciso cuidado, por exemplo, para não fazer uma associação direta
entre a quantidade de prefeitos apoiadores e a obtenção da maioria dos
votos. Só para ficar nas últimas eleições, Wilma de Faria bateu o forte
Garibaldi com poucos gestores municipais endossando a sua candidatura.
Rosalba idem.
BLEFE
Dizem que Fernando Bezerra ainda pode
ser o candidato dos bacurais. Mas não custa lembrar: conforme a
imprensa, ele só saiu de casa para pedir voto quando passou veraneio
numa praia do litoral norte e quando foi para fora do Brasil descansar. É
uma campanha e tanto.
Pela exaltação daquilo que seriam suas qualidades técnicas que
pululam na imprensa verde e na boca de seus apoiadores, deverá ocupar
algum espaco de consolação numa possível futura gestão. Afinal, foi o
parabrisa do PMDB nesses últimos meses.
PMDB RIFADO
E se Wilma decidir sair para o
governo do estado? Eduardo Campos quer um bom palanque. Às vezes, fica a
impressão de que o PMDB está na mão de Wilma. E não o contrário.
FÁTIMA, WILMA E AS GRANDES CIDADES
Dizem que no interior só se fala em
Wilma. Sem pesquisa é complicado de aceitar esta ou qualquer outra
afirmação sem nutrir desconfiança. Porém, já que a especulação é
gratuita… vou lançar a minha: se Wilma e Fátima se enfrentarem numa
suposta disputa ao senado, Fátima, que tem um perfil mais antenado com o
contexto pós-manifestações, ganha – de forma decisiva – em Natal e
região metropolitana e em algumas cidades médias do RN.
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