segunda-feira, 23 de junho de 2014

Catadores alertam para a necessidade de replanejamento de políticas de resíduos sólidos

Associação coleta peças de eletrônicos na esperança de um dia poder comercializá-lasAssociação coleta peças de eletrônicos na esperança de um dia poder comercializá-lasDaquilo que muitos desprezam julgando ser inútil, o lixo, é retirado o sustento de muitas famílias, que chamam a atenção para a necessidade de ampliação de políticas de conscientização não só da sociedade sobre a importância de contribuir com o trabalho de reciclagem, quanto do próprio poder público para a necessidade de instauração de medidas que valorizem o trabalho dos catadores.

"Precisamos debater mais sobre temas como a valorização do trabalhador da reciclagem e coleta seletiva, que, infelizmente, hoje é esquecido. Nós poderíamos receber capacitação e atuar, em parceria com a Prefeitura, como agentes ambientais. Afinal, vivemos os problemas relacionados ao meio ambiente na prática, todos os dias", disse a presidente da Associação Comunitária Reciclando para a Vida (Acrevi), Josefa Avelino.

A Acrevi realiza o trabalho de coleta do material reciclável nas residências mossoroenses há 15 anos. Contudo, a presidente da associação afirma que ainda há muito o que melhorar para que a cidade passe a atender às determinações da Lei nº 12.305, que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

"Eu participo todos os anos de diversos encontros de catadores de resíduos sólidos e vejo que a realidade em outras cidades como Curitiba e até mesmo Natal, aqui pertinho, é diferente. Lá, as prefeituras têm convênio com os catadores e paga a eles salários dignos, além de ajudar a equipar os centros de trabalho. Estamos em busca de conseguir isso", conta.

Dentre as determinações da Lei, estão o dever do setor público de cooperar técnica e financeiramente para o desenvolvimento de pesquisas de novos métodos e tecnologias de gestão, reciclagem, tratamento de resíduos e disposição final correta dos resíduos sólidos, além de incentivar a criação e o desenvolvimento de cooperativas de catadores.

Direção da Acrevi busca criar cooperativa na esperança de ampliar possibilidades de trabalho
Josefa Avelino diz que tem buscado transformar a associação em cooperativa, na esperança de assim ampliar as possibilidades de parcerias entre órgãos públicos e empresas privadas. Outra vantagem da mudança seria a ampliação da possibilidade de obtenção de crédito.

"Nós temos que nos virar e sempre buscar alternativas para melhorar. Hoje, a média mensal que cada um leva é de R$ 350, muito pouco. Esperamos com a cooperativa poder fazer parcerias e obter crédito para melhorar nossa estrutura de trabalho, pois hoje não temos sequer um galpão para trabalhar", diz a presidente.

A catadora Eliane Cristina dos Santos aponta uma possibilidade de melhorar as condições financeiras dos catadores: a reciclagem de material eletrônico. De acordo com ela, desde o ano passado, a associação tem coletado peças como computadores, televisões e rádios na cidade, separado os componentes e armazenado, na esperança de um dia poder comercializá-las.

"Aqui é nosso tesouro. Começamos a negociar com uma empresa de São Paulo esse material de plástico que forma as carcaças dos eletrônicos, só que eles querem tudo moído e nós não temos a máquina para fazer esse serviço. Mas eu creio em Deus que ele vai nos dar condições de comprar essa máquina para melhorar a situação para nós aqui", conta.

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