Fonte: Portal Terra
Estudo
prevê que crescimento da demanda contribuirá para aumento do
desmatamento de florestas e encarecimento de alimentos básicos. Produção
em grande escala ameaçaria meio ambiente e prejudicaria os mais pobres.
Ambientalistas alemães alertam que o aumento mundial do
consumo de carne contribui para a destruição do meio ambiente e
prejudica a população mais pobre. Segundo um estudo preparado pela
organização Bund, a Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde
alemão, e o jornal francês Le Monde Diplomatique, até meados deste
século, agricultores e empresas agrícolas em todo o mundo terão que
aumentar sua produção dos atuais 300 milhões para 470 milhões de
toneladas de carne para satisfazer a demanda global.
O Fleischatlas ("Atlas da carne"), divulgado na
quinta-feira, é uma coletânea de dados sobre o consumo e a produção de
carne no mundo. Através de estatísticas, textos e gráficos, o documento,
publicado pelo segundo ano seguido, busca alertar para os efeitos
colaterais do crescimento dessa indústria.
A publicação aponta que, enquanto na Europa e nos
Estados Unidos o consumo de carne vem estagnando, nos países em
desenvolvimento, ele aumenta – impulsionado sobretudo pela crescente
classe média.
Até 2022, cerca de 80% do crescimento no setor serão
originados dessas economias, principalmente na Ásia. Também no Brasil e
na África do Sul − integrantes dos chamados países Brics, juntamente com
Rússia, Índia e China −, a demanda deve subir em ritmo constante.
Para poder saciar a demanda e alimentar os animais, só a
produção de soja teria que ser quase duplicada, passando dos atuais 260
milhões de toneladas para 515 milhões de toneladas. Esse
desenvolvimento pode acarretar um aumento do desmatamento de florestas
para ampliação de espaços destinados a pecuária ou a monoculturas de
grãos para produção de ração animal.
Danos ao meio ambiente
As consequências são, de acordo com os autores do estudo, uma produção de carne em grande escala que provoca, cada vez mais, efeitos colaterais indesejados, como uso abusivo de antibióticos e de hormônios de crescimento. O texto também alerta para um crescente uso de terras aráveis para a produção de ração animal, o que reduziria as áreas destinadas à plantação de alimentos, causando, consequentemente, um aumento do preço de produtos da cesta básica.
As consequências são, de acordo com os autores do estudo, uma produção de carne em grande escala que provoca, cada vez mais, efeitos colaterais indesejados, como uso abusivo de antibióticos e de hormônios de crescimento. O texto também alerta para um crescente uso de terras aráveis para a produção de ração animal, o que reduziria as áreas destinadas à plantação de alimentos, causando, consequentemente, um aumento do preço de produtos da cesta básica.
"Cerca de 70% das áreas cultiváveis no mundo já são
utilizadas para o plantio de ração animal", critica a especialista da
Bund Reinhild Benning. O estudo observa que essas áreas poderiam ser
utilizadas mais eficientemente para produzir alimentos para pessoas.
Também são citadas ameaças para o solo, para os lençóis
freáticos e o aumento da contaminação ambiental através de pesticidas.
Além disso, a publicação prevê o aumento dos preços dos alimentos
básicos, devido à diminuição das áreas cultiváveis para comida destinada
ao consumo humano.
"Mais pobres pagam a conta"
Barbara
Unmüssig, diretora na Fundação Heinrich Böll, critica as dimensões
"cada vez mais absurdas" da industrialização da produção de carne, que
levam a uma competição entre ração animal e cultivo de alimentos para a
população.
Ela lembra que atualmente, só na produção europeia de
carne, já são necessários cerca de 16 milhões de hectares para cultivo
de soja. A especialista prevê um grande encarecimento dos alimentos caso
a produção anual de carne chegue aos 470 milhões de toneladas
prognosticados pelo Fleischatlas.
"A ração necessária para alimentar a produção adicional
de 150 milhões de carne por ano levará a uma explosão dos preços de
terras e de alimentos", alerta Unmüssig. "A conta para a fome global por
carne é paga pelos mais pobres, que são levados a sair de suas terras e
cada dia podem comprar menos alimentos, devido aos altos preços",
prevê.
Ela pede uma mudança de costumes, principalmente na
Alemanha, país que está entre os líderes na Europa no consumo e produção
de carne. O consumo per capita no país é de 60 quilos por ano, tendo
apresentado uma ligeira queda de 2,5 quilos. Ela pede que os alemães
passem a comer carne somente uma vez por semana.
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