sábado, 21 de abril de 2012

Povos nativos: Sobrevivência indígena depende da oralidade e das mobilizações

Potiguar, na língua tupi, quer dizer "comedor de camarão". Além disso, os naturais ou habitantes do Rio Grande do Norte são chamados assim numa alusão aos índios Potiguar, que habitavam a costa do Estado quando os europeus aí aportaram.

Com tudo isso, a história oral, por meio das narrativas individuais e coletivas, é o que fortalece a identidade dos grupos indígenas do Estado. Segundo relatório do Grupo de Estudos da Questão Indígena do RN (Paraupaba), as famílias vêm sendo referenciadas como "caboclas", "mestiças" ou sob uma visão simplificadora que as classifica como "família rural", "família do campo", levando-se em conta apenas aspectos relacionados a sua ocupação geográfica, desconsiderando os aspectos socioculturais, sua gênese e memória social. 

Para Jussara Galhardo, responsável pelo grupo, a carga imposta pelo sistema político-ideológico dominante, tendo como forte aliada a história oficial, desconsidera a dinâmica dos atores sociais, fossilizando-os na história do passado colonial. "Hitoriograficamente, os grupos indígenas foram legados ao esquecimento", comenta.

Desde 2000, ela estuda o assunto e, para conseguir os dados relativos aos indígenas do RN, precisou visitar todas as comunidades em busca de respostas e informações. "As informações sobre os índios locais é que eles se deslocam, mas é preciso esclarecer que, quem se desloca, desloca-se para algum lugar e não desaparece", explica Jussara.

MOBILIZAÇÕES
As lutas pelo reconhecimento das comunidades indígenas do RN são protagonizadas por várias entidades e representantes desses povos. Além da Funai e do grupo Paraupaba, o grupo Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) também se esforça nesse sentido.

De acordo com a secretária de Assistência Social de Assú, Maira Leiliane, no último dia 13 essas entidades se reuniram no município com representantes das comunidades de Banguê e Caboclo para realizar uma prévia da primeira assembleia de mulheres indígenas do RN, que está marcada para acontecer no município entre os dias 28 e 30 de maio.

A primeira Assembleia Indígena do RN aconteceu em de-zembro de 2009, com a participação de mais de 40 delegados indígenas do Estado e de outros da PB. Em dezembro de 2011, o segundo encontro aconteceu na Casa de Cultura de Goianinha.

Fonte: Jornal de Fato

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