Descobrir uma compra na fatura do cartão de crédito ou um débito na conta bancária que você desconhece pode ser apenas o começo de uma grande dor de cabeça.
O número de
tentativas de fraudes contra consumidores bateu recorde neste ano,
chegando a 1,42 milhão até agosto, segundo a empresa de informações
financeiras Serasa Experian.
Consumidor deve desconfiar de pedidos para confirmar dados
Na divisão por setor, a telefonia -móvel e fixa- lidera, respondendo por 42,3% do total e desbancando serviços (30%), que aparecia na liderança desde o início da medição, em 2010.
Na divisão por setor, a telefonia -móvel e fixa- lidera, respondendo por 42,3% do total e desbancando serviços (30%), que aparecia na liderança desde o início da medição, em 2010.
Bancos e financeiras ocupam a terceira posição (18%), seguidos do varejo (7%).
De acordo com
Maria Zanforlin, superintendente de serviços ao consumidor da Serasa, os
dados refletem as dificuldades das empresas em acompanhar a "indústria
da fraude", que cria novas formas de golpes com mais rapidez do que no
passado.
"As próprias
redes sociais contribuem para isso, pois o fraudador obtém dados
pessoais com mais facilidade. Mas só com o RG e o CPF já dá para criar
um personagem e fazer um estrago", diz.
Até quem já
morreu vira alvo. "O processo para cancelar o CPF demora, às vezes tem
espólio envolvido. Para provar que foi uma fraude é complicado. Tem que
lavrar boletim de ocorrência, baseado no atestado de óbito."
RIGOR
Para Janaina
Alvarenga, coordenadora da Apadic (Associação de Proteção e Assistência
aos Direitos da Cidadania e do Consumidor), falta um controle mais
rigoroso ao checar as informações apresentadas pelo novo cliente.
"As empresas
não investem num sistema de segurança efetivo. A fraude só vai acontecer
quando há falha na segurança, e isso quem tem que prover é o fornecedor
do serviço", afirma.
Outro problema
são os entraves na hora de corrigir o erro. "A facilidade que existe
para contratar o serviço é inversamente proporcional à dificuldade de
cancelá-lo. Às vezes o cliente só consegue resolver o problema depois de
apelar para órgãos de defesa do consumidor."
Mas já há uma movimentação de alguns setores para tentar melhorar a fiscalização, aponta Fátima Lemos, assessora técnica do Procon-SP. "Existe uma corrente para fazer com que os serviços sejam mais seguros."
COMBATE
As empresas
afetadas já se articulam para conter os danos. Segundo a Febraban
(Federação Brasileira de Bancos), o desafio é "desenvolver formas de
identificação e autenticação que previnam fraudes sem dificultar o
acesso aos serviços".
A entidade
cita, entre as soluções mais recentes, a autenticação biométrica. Ainda
segundo a Febraban, os casos envolvendo a internet acabam ocorrendo
porque o cliente é induzido a informar senhas para os criminosos.
A CNC
(Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) afirma
que as empresas do setor têm se esforçado para combater as fraudes.
"Hoje, antes de abrir as portas, as empresas já contratam serviço de
proteção", diz Miguel Nicoletti, assessor técnico da gerência de
programas externos.
Já a
Sinditelebrasil, representante do setor de telefonia, afirmou que "a
base de serviços de telecomunicações é de mais de 350 milhões de
acessos, entre telefonia fixa, celular, banda larga e TV por assinatura,
e essa elevada quantidade de clientes já cria, por si só,
possibilidades maiores de o setor ser vítima de fraudes".
"A
empresa de telecom fraudada é vítima, tanto quanto o consumidor, e
combate essas fraudes com a modernização contínua", completa em nota.
dados oficiais
Procurada, a
Polícia Federal informou que não possui dados sobre fraudes, pois sua
atuação diz respeito apenas aos crimes cometidos contra órgãos federais.
Já o
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da
Justiça, diz que "em regra, questões envolvendo fraudes não são captadas
na análise macro" feita a partir do banco de dados do Sistema Nacional
de Informações de Defesa do Consumidor, que integra 25 Procons
estaduais, o do DF e 223 Procons municipais.
UOL
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