segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Literatura e Tecnologia >> Internet abre espaço para jovens poetas e escritores da região

 A poesia é uma das mais apreciadas formas de arte em todo o mundo. Em Mossoró, ganhou vida através do trabalho de poetas como Elizeu Ventania, Antônio Francisco, Crispiniano Neto, Genildo Costa e outros que contaram e cantaram o dia-a-dia da cidade em líricos versos. Hoje, em meio à correria e frieza do cotidiano, a poesia ainda se propaga em Mossoró por meio da internet e das redes sociais, escritas por novos e jovens autores que abrem espaço no cenário literário da cidade.

Conhecidos como poetas virtuais, essa nova categoria de escritores, que abandonou quase que por completo as folhas de papel e abraçou o computador e a internet como nova plataforma, ganhou mais força em Mossoró, após o surgimento do Movimento Novos Poetas, liderado pelo escritor e jornalista Mário Gerson.
Ele afirma que o surgimento do grupo muito teve a ver com a carência de espaços para divulgação de novos escritores e ao mesmo tempo com a grande quantidade e qualidade de material produzido por estes jovens.

"O Movimento Literário Novos Poetas surgiu nas páginas de um jornal da cidade a partir de uma reportagem sobre o Dia Nacional da Poesia, publicada em 13 de março de 2011. Na última parte da matéria, o destaque para Novos Poetas ganhou dimensão nos domingos seguintes. "Recebemos muitos poemas na primeira parte da matéria, então resolvemos publicá-los nas edições dominicais para que não se perdessem", destaca Mário Gerson
Luiz Luz, poeta e escritor, também membro do Movimento Novos Poetas, afirma que passou a escrever seus poemas em um blog, após um período de desilusão com a escrita, ele comenta que na época não conhecia outros escritores que possuíssem blogs de poesia, mas que achou a ideia mais prática e interessante.

"Na internet, descobri que o poema fica mais exposto, todo mundo vê e lê, vejo os blogs como um importante espaço para jovens autores que produzem, pois permite que os poemas saiam das gavetas e estejam disponíveis para todos. No meu caso, acabei por construir uma importante rede de contatos com outros jovens, escritores e poetas, que já faziam ou passaram a fazer essa produção literária virtual", afirma Luiz Luz.
O jovem escritor relembra que Mossoró ainda é uma cidade de reduzidos espaços para produção e divulgação de trabalhos poéticos e literários, e que a internet atua neste campo de democratização, além de permitir um feedback único, com as "curtidas", "compartilhadas" e "comentários", que são a melhor resposta e o grande termômetro do público leitor.
Denise Medeiros, estudante de publicidade e adepta da poesia em blogs, comenta que nos próximos dias irá reunir uma série de poesias que publicou na internet, com outras ainda inéditas e irá diagramar e imprimir um pequeno livro caseiro, a fim de compartilhar suas publicações mais importantes com amigos e apreciadores.
"Não tenho grandes aspirações de ser poetisa ou escritora. Escrever poesia para mim é refletir em versos os meus mais profundos sentimentos, não quero fazer disso uma carreira. Por isso a internet é um bom espaço para divulgação destes textos", conclui a estudante.
A poetisa Rayane Medeiros comenta que a timidez é um dos grandes motivos da migração de jovens poetas para a internet, ela diz que começou a escrever através dos blogs, por conta do constrangimento de compor e recitar poesias em público, e do julgamento das pessoas, muitas vezes desagradável.
"Escrever poesia é como desnudar-se. Recitá-la para um determinado público é igualmente constrangedor. Então, mostrar seu trabalho na internet não é como recitá-lo para uma plateia; as pessoas não estão te olhando. Sim, elas julgam, elas dão opinião, mas o constrangimento é bem menor do que ver as pessoas te encarando. Vejo a internet como uma ferramenta para nos encorajar a mostrar o nosso trabalho," conclui Rayane.
O poeta Mário Gerson é categórico ao falar de internet e poesia: "A internet é uma grande aliada da literatura" Ele afirma que os plagiadores e aproveitadores são os grandes inimigos do trabalho realizado por eles, mas parece não se preocupar muito. "No meu caso, como sou um sujeito distante do mundo das montagens, me torno vítima fácil. É preciso fazer um curso para evitar isso? Ironias à parte, podem copiar. Um dia, estando em livro, tudo virá à tona" Concluiu o escritor.

Fonte: Jornal O Mossoroense

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