quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Preocupação >> Previsões apontam para chuvas entre média e abaixo da média


 
O relatório com o resultado das análises feitas no terceiro encontro de meteorologistas realizado esta semana em Fortaleza (CE) foi divulgado. As previsões para os próximos meses não diferem muito do que havia sido observado no encontro anterior, ocorrido no mês passado. Pelo contrário, até pioram um pouco, segundo informa o meteorologista e professor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), José Espínola.

Segundo ele, as previsões apontam para probabilidades de 40% das chuvas abaixo da média, 35% na média e 25% de chuvas acima da média e são válidas para a parte Norte do Nordeste, que inclui os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. 

Os dados foram interpretados a partir da observação do Oceano Atlântico, cujo comportamento não mudou muito, mantendo a tendência para a neutralidade, o que deixa as informações confusas. Espínola explica que as águas do Atlântico Norte continuam mais quentes que as do Atlântico Sul. Para que o período chuvoso seja positivo em nossa região deve haver o contrário.

"A tendência é de chuvas da média para baixo da média, com variabilidade temporal muito grande", informa o meteorologista. Na prática, isso significa que pode haver chuvas em um dia e passar vários dias sem chover. A média de chuvas em Mossoró é de 700 mm, como informa o meteorologista. Porém, esse número muda a cada ano.

De acordo com Espínola, a situação do período dependerá de como as chuvas serão distribuídas. Se houver uma boa distribuição das precipitações pluviométricas, mesmo que a incidência de chuvas seja abaixo da média, os agricultores podem ter uma boa safra. Ele cita como exemplo o comparativo entre os anos de 2004, quando choveu 1.200 mm em Mossoró, sendo que desse total 600 mm foram registrados em apenas dez dias do mês de janeiro, e 2005 choveram apenas 500 mm, que foram mais bem distribuídos ao longo do período chuvoso, favorecendo a agricultura.

Ele menciona que em 2011 ainda choveu em Mossoró e em 2013 houve registro de 400 mm, mas metade do volume caiu sobre a terra em um único dia. A torcida deve ser para que as chuvas sejam bem distribuídas, pois o solo da região é raso e tem capacidade de armazenar água.

Isso não resolve, no entanto, o problema dos reservatórios de água. O meteorologista comenta a situação do Ceará, onde parte dos reservatórios já está com menos de 30% de sua capacidade de armazenamento. Ele credita que, no Rio Grande do Norte, a situação não seja diferente.

Este ano, a experiência de alguns agricultores de que os anos terminados em "4" costumam ser bons de chuvas também pode ser frustrada. Na realidade, essa não seria a primeira vez que isso ocorreria. Espínola comenta que 1974 e 2004 foram anos de muitas chuvas, mas informa que o mesmo não ocorreu nos anos de 1944 e 1954.

No comparativo com 2013, as previsões trazem um pouco mais de otimismo. "São um pouco mais animadoras, mas não significa dizer que será um bom inverno", ressalta o meteorologista.

Ele acrescenta que é melhor esperar o mês de janeiro terminar, pois em fevereiro haverá um novo encontro em Natal, quando os elementos podem apontar para previsões mais definitivas.

Com relação às medidas indicadas para combater os efeitos da seca, o meteorologista lembra que a informação depende de uma análise mais política. Porém, comenta que a seca nessa região não é um fenômeno novo e já existia há muito tempo, desde que o Brasil foi descoberto e que já se sabia que a situação poderia ser esta, pois quando há picos de explosões solares os anos próximos a essas explosões costumam ser ruins de chuvas. Ele explica que essas explosões vêm sendo registradas desde 2012 e devem começar a diminuir este ano, por isso, pode ser que 2015 tenha um bom período chuvoso, pois essas mudanças não ocorrem de uma hora para outra.

SITUAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS
30% da água que abastece Mossoró é proveniente da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, através da Adutora Jerônimo Rosado. O restante do abastecimento tem origem em 16 poços. De acordo com o gerente regional da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), Nehilton Barreto, com relação aos poços a situação está tranquila e não há motivos para preocupação.

Já no que diz respeito a Armando Ribeiro Gonçalves, ele explica que a captação de águas da adutora é pela jusante da barragem, ou seja, essa captação ocorre depois da Barragem. Assim, se não houver diminuição da vazão, não haverá dificuldades, do contrário, a situação se complica. Isso porque, mesmo sendo responsável por apenas 30% do abastecimento da cidade, a distribuição da água da Barragem é direcionada para todos os pontos de Mossoró. Se me perguntam, se para a adutora vai ter problemas? Com certeza", afirma Nehilton Barreto.

De acordo com Nehilton Barreto, a última informação que recebeu foi de que a Armando Ribeiro Gonçalves estava com apenas 35% de sua capacidade total. Mas esse percentual deve ter diminuído.
Com relação ao risco de paralisar a liberação da água, caso não haja chuvas, ele responde: "Não posso dizer que sim, nem que não", mas não descarta o risco de isso acontecer, caso 2014 não seja um ano de boas chuvas.

Só na regional da Caern que fica sob a responsabilidade de Nehilton Barreto, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves contribui para o abastecimento das cidades de Paraú, Triunfo Potiguar, Campo Grande, Patu, Janduís, Serra do Mel e Messias Targino, além de Mossoró. Sem contar com outros municípios que estão além dos limites da regional.

Fonte: Jornal O Mossoroense

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