quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Facebook, privacidade e utopia

Recentemente, o facebook lançou uma nova ferramenta que promete uma maior privacidade aos usuários da rede social. Em tempos de superexposição de todos na rede mundial de computadores, isso seria um grande passo pela liberdade na rede e, consequentemente, um ponto a menos para as ferramentas de interceptação de dados originadas de grandes potências como EUA, por exemplo. Apoio totalmente o facebook ao escolher ir por essa linha tão importante, mas não podemos se iludir tanto assim com a utopia da privacidade na rede.

Para explicar o assunto, é interessante analisarmos alguns pontos fundamentais para a discussão. Primeiramente, é importante que a utopia do anonimato na internet já tenha sido superada e deixado de ser real a muito tempo.  E, infelizmente, a privacidade foi embora com ela. Ela agora é diferencial de mercado em diversos discursos publicitários de empresas americanas: “Compre o nosso produto. Somos totalmente seguros e livres de interceptações”. É assim que vem sendo tratada a privacidade lá fora. Outro ponto que deve ser analisado são as leis americanas, país onde está armazenado grande parte dos dados dos usuários na internet.  A mais importante nesse sentido é a FISA. Ela foi aprovada em 1978 e vigora até hoje, aliás, com muito mais força.  A lei nada mais é que um regulamento que estabelece todos as diretrizes para a vigilância, seja ela física ou eletrônica. Além disso, ela permite às autoridades americanas coleta de informações de cidadãos americanos e residentes permanentes suspeitas de envolvimento em espionagem no país.

O argumento da segurança nacional é o que move tudo isso, mas as coisas não são bem assim. A Petrobras e o celular da presidente Dilma Rousseff são exemplos disso. Com esses alvos, o discurso do “espionar para garantir a segurança do país” cai por terra.  Trocando em miúdos, se nem a segurança da informação do governo federal está seguro, imagina as fotos e conversas do seu celular, amigo.

Não dá pra retratar aqui toda a complexidade do que realmente está havendo com a nossa privacidade na rede. Longe de qualquer teoria da conspiração, documentos e depoimentos comprovam tudo que acontece atualmente. Recomendo os livros: Sem lugar para se esconder. Glenn Greenwald e Cypherpunks: "liberdade e o futuro da internet" - Julian Assange.

Escrevo esse texto como forma de alerta para que você não acredite na aparente vida privada do inbox ou mesmo do chat via Whatsapp. A coisa é muito mais ampla (e perigosa) que isso. Mas não se desespere. Tem um montão de gente comprometida com essa liberdade na rede e estão trabalhando focados em ferramentas que favoreçam a privacidade e a democracia na internet.  No meu próximo texto no #Update,  falarei como esse movimento vem trabalhando e quais os resultados obtidos até agora. E mais: Quais dessas ferramentas podemos usar para termos uma privacidade de fato na internet.
Até mais, pessoal.

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