Após discordar da proposta da candidata
Marina Silva de independência do Banco Central – pois ela retira a
autonomia dos governos para conduzir os rumos da economia nacional,
prejudica o emprego e a renda dos trabalhadores e beneficia banqueiros e
rentistas –, a CNTE chama a atenção da sociedade para o programa de
governo da candidata pessebista que trata da questão energética,
sobretudo para o perigo de retrocesso em relação à exploração da camada
pré-sal de petróleo e as consequências negativas dessa medida para as
metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e para outras políticas
públicas.
Em 9 de setembro de 2013, sob intensa
pressão social, o Congresso Nacional aprovou a Lei 12.858, destinando
receitas dos royalties do petróleo e de gás natural, entre outras
advindas da exploração desses hidrocarbonetos, para a educação e a saúde
do país.
Pela Lei em comento, 75% dos recursos
oriundos dos regimes de concessão, cessão onerosa e partilha – fora da
área do pré-sal e explorados após 3 de dezembro de 2012 – devem ser
investidos na educação pública pelos Estados, Municípios e DF, e 25% na
saúde.
No tocante aos recursos da camada
pré-sal, a educação contará com 50% das verbas recebidas pelo Fundo
Social (cota da União) para fins de cumprimento da meta 20 do Plano
Nacional de Educação, que por sua vez prevê o investimento equivalente a
10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação até 2024.
Também integrarão as verbas da educação
100% dos recursos da União oriundos da extração de hidrocarbonetos sob o
regime de concessão na área do pré-sal, sobre contratos anteriores a
03/12/2013.
A Lei 12.858 ainda alterou o art. 8º, §
1º, II da Lei Federal 7.990, permitindo, assim, o custeio de despesas
com manutenção e desenvolvimento do ensino, especialmente na educação
básica pública em tempo integral, inclusive as relativas a pagamento de
salários e outras verbas de natureza remuneratória a profissionais do
magistério em efetivo exercício na rede pública.
Em seu programa de governo, a candidata
Marina aponta duas questões que retrocedem as conquistas recentes da
sociedade brasileira. A primeira diz respeito ao preterimento da
exploração das novas descobertas na camada pré-sal, que visa a destinar
mais recursos para a educação, infraestrutura e políticas
socioambientais. Os países nórdicos utilizaram suas riquezas com o
petróleo em benefício da sociedade, em especial para investimento na
educação, sem deixar de avançar em fontes renováveis de energia, coisa
que o Brasil também tem feito.
O segundo ponto do programa da
candidata, um tanto nebuloso, sugere a entrega do patrimônio de
hidrocarbonetos a empresas privadas, por meio da substituição do regime
de partilha – aprovado no governo Lula – pelo de concessão implantado
pelo Estado neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, atual aliado de
Marina Silva. Neste último regime, a Petrobras deixaria de ser a
principal exploradora do petróleo nacional, abrindo mão de receitas para
empresas internacionais e transferindo riquezas do povo para a
iniciativa privada – inclusive os recursos que se destinariam à educação
e à saúde.
Ademais, essa orientação não diverge das
resoluções da Rio+20, que orientou conciliar a preservação do meio
ambiente com o compromisso dos Estados em superara a miséria de milhões
de pessoas, garantindo o bem estar de todos com menos consumo supérfluo e
menos agressão ao meio ambiente.
Sobre o obscurantismo do programa da
candidata Marina acerca da privatização do pré-sal, a exemplo das lutas
travadas na década de 1990 – e caso sua candidatura seja vitoriosa –,
os/as trabalhadores/as brasileiros/as não permitirão que essa riqueza do
povo seja repassada para o capital privado, sobretudo o estrangeiro,
como aconteceu no criminoso processo de expropriação do patrimônio
nacional comandado por FHC e parte de seus correligionários que hoje
apoiam a candidatura de Marina Silva, a exemplo de André Lara Resende
(ex-presidente do BNDES/1998) e de Eduardo Gianneti da Fonseca,
coordenador do programa de governo da candidata junto com Neca Setúbal,
acionista do Banco Itaú.
Na qualidade de membros da classe
trabalhadora – que não é e nem nunca será elite, até porque esse não é o
horizonte de quem não nega a luta de classes – os/as educadores/as das
escolas públicas continuarão lutando pela implementação do atual marco
regulatório do petróleo no país, pela preservação do patrimônio público
da Petrobras – principal empresa brasileira e uma das maiores do mundo –
e pela vinculação das riquezas do petróleo para a educação, inclusive
em maior percentual que o atual, uma vez que os recursos até agora
alocados são insuficientes para garantir a implementação integral do
PNE, sendo necessário a alocação de mais e novas verbas públicas para
esta área social de extrema importância para o Brasil.
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE
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