NOTA DO BLOG:
A música tem, ou pelo menos deve ter como uma de suas funções o despertar do sentido poético, da cidadania, do romantismo e tanto outros outros sentimentos que fazem parte da vida humana... Porém, o que torna-se inaceitável é o fato dessa expressão artística ser usada por alguns, como forma de expressar preconceitos, de incitação a violência, a prostituição, da apologia às drogas, da desvalorização da figura feminina... como temos visto em grande parte de determinadas músicas ou estilos musicais, que por falta de conteúdo ou mesmo ou até de uma visão cidadã, são jogadas no mercado e consumidas pela sociedade que as consome sem nenhum critério de seleção ou até mesmo uma busca pelo sentido estético e poético que a música, enquanto arte deve nos oferecer.
SEGUE A MATÉRIA:
Jovem corre de seis homens dentro de casa (Foto: Reprodução/Youtube) |
O vídeoclipe de uma banda do município de Vitória da Conquista,
cidade localizada a 447 km de Salvador, lançado em dezembro de 2013,
tem repercutido negativamente entre políticos e representantes de
associações que defendem os direitos humanos na Bahia.
As cenas veiculadas na produção independente, que já tem mais 66 mil
visualizações no Youtube, têm sido encaradas como incitadoras ao crime
de estupro. (Veja videoclipe)
O videoclipe foi produzido pela banda Abrakadabra, que despontou no
cenário regional há três anos, cantando músicas que mesclam arrocha,
tecnobrega e pagode. A produção integra os serviços de divulgação da
atual música de trabalho do grupo: "Tigrão Gostoso".
O vídeo original, que teve o início editado após as críticas,
apresentava uma estudante andando sozinha em um matagal seguida por um
homem encapuzado. Percebendo a perseguição, ela deixa o material escolar
cair no chão e corre. Logo em seguida, a mulher acorda do que teria
sido um pesadelo.
A parte seguinte do vídeoclipe, que não foi alterada na edição, mostra
que a mesma mulher, ao acordar, tem a casa invadida por seis homens.
"Abra a porta logo que eu quero entrar. Não adianta se esconder. O
tigrão vai te pegar" , fala um dos invasores, em trecho da música.
Correndo do grupo, que é composto pelos próprios integrantes da banda, a
mulher diz: "Mas eu tô com medo. Você vai me machucar?". Em resposta,
um dos invasores conta: "Sou o seu tigrão gostoso. Só precisa relaxar. É
na hora do espanto que o bicho vai, toma, toma, então toma".
Em entrevista na tarde deste sábado (25), a
deputada estadual Luiza Maia disse que vai se reunir com a equipe
jurídica na próxima segunda-feira (27) para discutir providências que
possam penalizar a banda pela veiculação do vídeo. "Trata-se de uma
produção de mau gosto e agressiva às mulheres. É uma encenação que
mostra um homem querendo pegar uma mulher sem ela querer. É a incitação
de um crime. Vamos nos posicionar", promete a deputada da bancada
feminista.
Em um momento do clipe, jovem é jogada na
Nota de repúdiocama (Foto: Reprodução/Youtube) |
Por conta do videoclipe da banda, Tâmara Terso, da Marcha Mundial das
Mulheres, convocou reunião com representantes do grupo na cidade de
Vitória da Conquista e juntas com outros representantes de movimentos
sociais elaboraram uma carta de repúdio ao clip.
Em nota, a carta de repúdio diz que “o clipe se desenrola de forma a
enaltecer a posição do estuprador, colocado como a figura do “tigrão
gostoso”, de modo a associar a agressividade à masculinidade. Por outro
lado, reforça a imagem da mulher como um ser frágil e submisso, sem
autonomia de vontade, sendo explícita a apologia ao estupro durante toda
a música, como pode-se perceber nos trechos: “mas eu tô com medo, você
vai me machucar” ou “é na hora do pavor que o bicho vai pegar”.
“Nós construímos uma carta junto aos movimentos sociais feministas,
negro e outros representantes sobre o conteúdo do clipe e da letra da
musica. É uma violência contra a mulher, principalmente uma incitação ao
estupro. Não é um crime consumado, mas a letra é uma apologia”,
reflete.
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