segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Referência histórica >> A influência de Fidel entre líderes latinos americanos

Presidenta Dilma Rousseff, no início da semana, foi uma das que visitou Fidel Castro no retiro
Presidenta Dilma Rousseff foi uma das que visitou Fidel Castro no retiro
Peter Orsi - Associated Press

Havana (AE) - O histórico líder cubano Fidel Castro permaneceu longe dos holofotes durante a maior parte do tempo desde que uma grave doença forçou-o a aposentar-se, em 2006, depois de ter passado quase cinco décadas no poder. Nos últimos dias, porém, Fidel viveu o calendário social mais agitado desde então. 
 
Diversos líderes latino-americanos aproveitaram a viagem a Havana para a reunião de cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac) para visitar - e também tirar uma foto com - o homem considerado o maior expoente da esquerda latino-americana no século 20.

As imagens desses encontros, feitas pelo filho fotógrafo de Fidel, Alex, mostram um ancião de barba esbranquiçada visivelmente animado e atento. O mais provável é que as conversas tenham girado em torno de questões históricas e atualidades do mundo, assim como de lembranças de seu falecido amigo Hugo Chávez, da Venezuela.

Aos 87 anos, o líder da guerrilha de Sierra Maestra, que em 1959 depôs Fulgencio Batista, recebeu a brasileira Dilma Rousseff, a argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José “Pepe” Mujica, o mexicano Enrique Peña Nieto, o equatoriano Rafael Correa, o boliviano Evo Morales e o nicaraguense Daniel Ortega, entre outros. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, também esteve com Fidel.

As visitas a Fidel começaram no domingo passado, com Cristina Kirchner. A líder argentina sentou-se para conversar com Fidel na confortável sala de estar de uma casa onde ele aparentemente mora com sua companheira de longa data, Dalia Soto del Valle. Cristina pediu a Fidel que autografasse diversas fotografias.
A primeira-ministra da Jamaica, Portia Simpson-Miller, e a presidente brasileira, Dilma Rousseff, foram ver Fidel no dia seguinte. Sorridente, Dilma segurou o braço de Fidel enquanto os dois caminhavam, ela vestindo um blazer laranja e ele com um casaco com listras pretas.

Depois foi a vez de Kenny Anthony, primeiro-ministro da pequena ilha caribenha de Santa Lucia, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ban disse ter achado Fidel “espiritualmente alerta” e forte fisicamente.

Mas foi na quarta-feira que a casa de Fidel Castro ficou realmente cheia. Os presidentes Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Daniel Ortega (Nicarágua), José Mujica (Uruguai) e Enrique Peña Nieto (México) sentaram-se juntos para conversar com Fidel, em uma espécie de minicúpula paralela à reunião que os levou a Havana.

“Goste-se dele ou não, Fidel é uma figura maiúscula da história da América Latina. É por isso que ele recebeu tantas visitas” nos últimos dias, avalia Philip Peters, analista de questões cubanas e diretor do Centro de Pesquisas sobre Cuba, no Estado norte-americano de Virgínia.

“Nenhuma das pessoas que visitou Fidel dirige um Estado monopartidário. Nenhum deles sonha com a possibilidade de adotar sua política econômica”, salientou Peters. “Mas todos eles provavelmente admiram Fidel pelo fato de ele ter-se insurgido contra os Estados Unidos durante 50 anos.”

E o momento escolhido pelos líderes da região para visitar Fidel não poderia ser mais adequado. Fundada em 2011, a Celac foi concebida justamente como um organismo de integração regional independente da influência de Washington.

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