Dois anos e meio depois de a Lei Antifumo ser publicada,
a presidenta Dilma Rousseff assinou hoje (31), no Dia Mundial sem
Tabaco, o decreto que regulamenta a norma e proíbe o fumo em locais
fechados e de uso coletivo, extingue os chamados fumódromos, veta
qualquer propaganda de cigarro no país e amplia o tamanho dos alertas
nas embalagens do produto.
A regra, que será publicada no Diário Oficial da União na
próxima segunda-feira (2), entra em vigor em dezembro. De acordo com o
ministro da Saúde, Arthur Chioro, a regulamentação visa a desestimular
ainda mais o tabagismo e proteger as pessoas que não fazem uso do
cigarro.
Pela regulamentação, será proibido o consumo de cigarro, cigarrilhas,
charutos, cachimbos e outros produtos considerados fumígenos, como os
narguilés, em locais públicos de uso coletivo, total ou parcialmente
fechado, incluindo áreas com toldos, divisórias, além de espaços que
tenham teto e parede em qualquer um dos lados.
“Para ser mais preciso, naquela varanda do restaurante que tem
cobertura, no toldo da banca de jornal, na cobertura do ponto de ônibus,
em todos os locais que são fechados por uma parede ou face, estará
proibido o fumo se [o espaço] for de uso coletivo”, exemplificou Chioro.
“O Brasil tem feito a lição de casa, mas a gente não pode se
satisfazer com os dados que [mostram que] estamos melhor que Argentina,
Chile, porque a carga de doença e sofrimento relacionado ao tabaco é
extremamente importante”, disse Chioro. Segundo dados do Ministério da
Saúde, só no ano passado, o tratamento das doenças relacionadas ao
cigarro custou R$ 1,4 bilhão ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quando contamos as diárias associadas a essas doenças, como acidente
vascular cerebral, infarto, as neoplasias de pulmão, boca e laringe,
além das doenças respiratórias, como enfisemas, em 2013, foram R$ 1,4
milhão em diárias de internação hospitalar no SUS”, destacou o
secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa.
Segundo Chioro, a política brasileira antifumo, iniciada em 1988, com
as advertências sobre os males ocasionados pelo cigarro, depois
intensificada com a Lei Antifumo, publicada em 2011, tem reduzido o uso
do tabaco no país. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 11,3% dos
adultos brasileiros que vivem nas capitais fumam. Em 2006, o índice era
15,7%.
A proporção de adultos que fumam 20 cigarros ou mais em um dia também
diminuiu, passando de 4,6% para 3,4% nos últimos oito anos. Com a
regulamentação, o governo espera reduzir, até 2021, a menos de 10% o
percentual da população de adultos fumantes.
“Queremos baixar a prevalência do tabagismo para um dígito. E estamos
no caminho. Com essas medidas que foram tomadas, nossas expectativas é
que, mantendo a tendência de queda, em 2021, tenhamos menos de 10% de
adultos como tabagistas”, disse Jarbas Barbosa.
O secretário ressaltou a importância das campanhas contra o cigarro,
já que aqueles fumantes que deixam a dependência passam a ter uma vida
mais saudável e há a queda dos gastos públicos com tratamentos das
doenças relacionadas ao tabagismo.
“O efeito do risco de problema cardiovascular é quase imediato quando a
pessoa deixa de fumar, começa dias depois que a pessoa cessa o [uso do]
cigarro. Por isso, é importante não se considerar o fumante como uma
causa perdida. Todo abandono do cigarro traz um benefício individual e
ao sistema de saúde”, frisou Barbosa.
Pela regulamentação, o fumante não será alvo da lei, mas os
estabelecimentos comerciais serão responsáveis por garantir o
cumprimento das normas. “O responsável pelo estabelecimento, se não
conseguir fazer o convencimento, deverá chamar a força policial para
cumprir a lei”, disse o ministro. Em caso de desrespeito à norma, o
estabelecimento pode ser advertido, multado, interditado e até perder a
autorização para funcionamento.
As multas variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão, dependendo da natureza
da infração, que vai variar de leve, grave ou gravíssima ou
reincidência. A fiscalização do cumprimento da lei será de
responsabilidade das vigilâncias sanitárias dos estados e municípios.
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