Ao mesmo tempo, é o país anacrônico, com
 manchas de trabalho escravo mas, principalmente, com um ranço 
insuperável, fruto da herança coronelística da Velha República, da visão
 de compadrio do "homem cordial", que não aceita nenhuma forma de 
mediação dos poderes que não passe pelo seu poder de arbítrio.
Só isso para explicar as críticas 
anacrônicas da parte da mídia aos decretos da Presidente da República 
instituindo a Política Nacional de Participação Social, formalizando 
diversos conselhos para ampliar a participação social nas políticas 
públicas.
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O Estadão soltou um editorial em que 
acusa Dilma de pretender mudar a Constituição. "A participação social 
numa democracia representativa se dá através dos seus representantes no 
Congresso, legitimamente eleitos".
É o mesmo jornal que deblatera 
diariamente contra os arreglos políticos, contra o loteamento de 
diretorias de estatais para políticos, contras os pactos nefastos do 
presidencialismo de coalizão, contra os vícios de democracia, que vende o
 lema de que todo político é ladrão. De repente, o Congresso ganha 
legitimidade para tudo, até para opinar em políticas que são 
prerrogativas do Executivo e até para co-participar de governo.
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Por acaso cabe ao Congresso definir 
formas de implementação do Plano Nacional de Educação,  as estratégias 
para o Bolsa Família,  as políticas para micro empresas, as políticas de
 defesa do consumidor? É evidente que não. Quem define isso é o 
Executivo, governo eleito diretamente pelo voto popular. E se o governo 
abre espaço para a participação popular em políticas que afetam 
diretamente as pessoas, não está aparelhando nada: está abrindo mão do 
poder absoluto e ouvindo de forma institucionalizada a voz dos clientes 
dos serviços públicos representantes diretos da sociedade civil. Confundir esse movimento de abertura para a sociedade com aparelhamento do Estado é má fé.
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A natureza desses conselhos consultivos é a mesma que deveria vigorar nas relações com o setor econômico. A ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) tem várias câmaras setoriais, com a presença de empresários dos diversos setores incumbidos de fornecer subsídios para as políticas setoriais. Acaso foram taxadas de aparelhamento?
A natureza desses conselhos consultivos é a mesma que deveria vigorar nas relações com o setor econômico. A ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) tem várias câmaras setoriais, com a presença de empresários dos diversos setores incumbidos de fornecer subsídios para as políticas setoriais. Acaso foram taxadas de aparelhamento?
As críticas a se fazer é à baixa implementação das conclusões geradas por esses conselhos, não à sua criação.
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O problema do jornal é que, com a 
criação de conselhos de toda ordem - para a área social, econômica, 
educacional - o governo passará a ouvir as demandas da sociedade 
diretamente, e sem a intermediação de uma mídia que há muito tempo 
perdeu a capacidade de mediar as necessidades da sociedade.
É importante recordar que as pessoas que
 saíram as ruas em junho do ano passado reagiram contra o anacronismo de
 todas as instituições, não apenas do Executivo, Legisdlativo e 
Judiciário, mas também da mídia.
Que venha a nova democracia social!
 
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