Observei atentamente a entrevista nesta sexta-feira do
candidato a governador do Rio Grande do Norte, presidente da Câmara,
Henrique Alves (PMDB), ao Jornal Verdade, da Sim TV. Atentei
para a preocupação do candidato em não se radicalizar a campanha
eleitoral.
De acordo com Henrique, é preciso esquecer o radicalismo
político e focar nas proposições para melhorar o estado. Até concordo
com ele, mas o que Henrique Alves entende por radicalismo?
Pelas
ponderações do candidato, me parece que ele está mais preocupado com a
retomada dos fatos levados à imprensa nacional que de certa forma
desabonam o político Henrique Alves, e não com o radicalismo
propriamente dito, que aliás, foi objeto de arenga entre ele e a
deputada Fátima Bezerra (PT), sua colega de Câmara, nos corredores de
uma emissora de televisão em Natal no início desta semana. Aí sim, foi
uma forma de radicalismo quando os dois, para resolver suas querelas
políticas, tiveram que ser isolados numa sala da emissora.
Perguntas
pelo uso do avião da FAB sem está a serviço da Câmara ou até mesmo
sobre o livro “Nobre Deputado” do Juiz de Direito Marlon Reis cuja obra
relata, a partir de entrevistas realizadas com pessoas envolvidas em
campanhas políticas, como é feito o jogo sujo da compra de votos para
eleger um deputado no país, não devem ser encaradas como radicalismo. Da
mesma forma se vierem a abordar, por acaso, os escândalos dos governos
Wilma de Faria (PSB), candidata ao Senado e companheira de chapa de
Henrique Alves, também não devem ser encarados como radicalismo. Isso
são fatos e como tal podem ser abordados sim numa campanha eleitoral.
E
aí, entenda-se, que num debate, por exemplo, as perguntas podem surgir
ou de candidatos adversários ou de jornalistas, mas que não significam
radicalizar. Henrique Alves é uma pessoa pública e ocupa um dos cargos
mais altos do país, segundo na ordem de sucessão à Presidência da
República. Portanto, tem telhado de vidro e tem de está preparado para
qualquer tipo de pergunta embaraçosa. Isso não é radicalizar, mas dar
oportunidade ao candidato de esclarecer coisas ainda pouco esclarecidas.
Achar
também que seus adversários radicalizam quando chamam a sua aliança de
acordão, da mesma forma não é radicalismo. É um fato. Henrique Alves tem
ao seu lado sete ex-governadores. Não se pode dizer que eles nunca
fizeram nada pelo Rio Grande do Norte, isso seria radicalizar. Contudo,
poderiam ter feito mais. Aí já não é radicalizar, é um fato.
Portanto,
o que Henrique Alves considera radicalismo talvez não seja tão
radicalismo assim. E quando prega o fim do radicalismo, pela sua ótica,
certamente Henrique Alves quer evitar que se toque em assuntos que não
lhe interessam.
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